8.11.2003

11

Chega momentos na balada que a falta do que fazer chega a tal ponto que começamos a ir no banheiro só para matar o tempo. Eis que minha hora chegou.
A Tânia com um cara completamente drogado, a Tati com uma mina, Gabriel com uma mulher estranhíssima, talvez a Tati tenha razão, o mundo esta louco!
Entro no banheiro está tudo deserto, nem mesmo a tia que cuida esta por lá. Olho no espelho e percebo que minha maquiagem já não está mais a mesma. Tento arrumar um pouco o cabelo. Minha pele do rosto esta grudenta, passo um pouco de água.
Enquanto seco o rosto ouço alguma coisa ao meu lado. Alguém esta nas cabines e eu nem havia prestado atenção, logo que entrei fui direto para a pia e esqueci de ver dentro do banheiro. Vou até as cabines e na última da fileira, com a porta entreaberta eu posso ver, ver Tony beijando outra menina, com os olhos abertos, olhando diretamente pra mim.
Eu fico estática, ofegante e séria. Fico ali, parada, olhando para ele. Ele olha para mim, mas continua beijando a menina que esta excitada o suficiente para não perceber que há uma terceira pessoa ali. Eu viro as costas e vou embora, o ódio saindo pelos meus poros.
Me sinto perdida no meio de toda aquela gente. Estou tão brava que não sei para onde ir. Não sou de fumar, mas naquele momento é o que eu mais quero fazer.
— Me arranja um cigarro? — peço um cigarro para o cara de blusa de couro que me olhou a noite toda, mas nem me dou conta de que ele é ele mesmo.
— Claro — ele tira o maço do bolso da jaqueta e coloca um cigarro na minha boca. Não acho a menor graça na brincadeira.
Ele tira um isqueiro do bolso da calça e acende meu cigarro. Ele sorri maliciosamente pra mim, não dou bola. Faço menção de sair ele segura meu braço. Olho para a mão dele no meu braço e depois para ele séria.
— Será que você não vai deixar eu apagar seu fogo? — ele ri piscando pra mim.
— Querido, minha chama no momento ta bem apagada! — respondo sem sorrir.
— Se quiser eu posso tentar acendê-la agora mesmo — ele tenta me beijar.
— Vai ficar para outra vez — tiro a mão dele do meu braço com um sorriso amargo.
Paro ao lado do Dj e fico fumando meu cigarro, sozinha e nervosa. Fabrício, um conhecido, vem falar comigo, mas não estou muito de bom humor para conversas.
— E ai? Como é que você ta? — ele me cumprimenta.
— Não to muito animada — respondo um pouco seca.
— Que isso? Você ta sempre bem, feliz, não quer saber de ninguém — ele responde cinicamente.
— Como assim? — pergunto nervosa.
— Ah, Você sabe? As vezes você é muito metidona, gosta muito de sair por cima, toda orgulhosa. Você se acha muito às vezes e é meio escrotona com a galera.
— Que?! — fico furiosa.
— A desculpa, mas é verdade, você se tem muito em alta conta e isso às vezes é patético, você tem que parar com isso. Tem que ser menos falsa e se achar menos superior — ele me olha sério.
— Fabrício! Vai pro inferno! — era só que me faltava! Empurro ele e saio.
Chego no bar e encontro com a Mari parada observando como sempre.
— Chega pra mim hoje! Eu quero ir embora, chama a galera que vai de carro comigo! — falo mandona. Mari me olha assustada. — Você vai de carona comigo, não vai? Então chama a galera,que eu to indo agora! — olho-a ainda mais séria.
— Ok, eu chamo o pessoal, fica calma — ela sai mau humorada e eu fico no bar bufando, pensando em quão bobagem é aquilo que o Fabrício me disse.

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