1.29.2004

Completando o Trigéssimo capítulo

Po, 30 capitulos de historia não é pouca coisa heim???
Da hora, vamos comemorar!!!!
Achei que valia um viva, hehehehe
VIVA!
Obrigada a quem lê...vcs que me inspiram...

30

Três rodadas de tequila e todos já estão meio zonzos e sorridentes. Converso com Claudinha, as duas dando muitas risadas juntas. Tonho conversa com Edu e Rafa por entre nós duas, com uma cerveja na mão. Taninha conversa com Mari, as duas também tomam cerveja, Mauro tenta conversar com a Carol, mas Gabriel o corta do assunto, ainda com a garrafa de tequila sobrando três dedos de bebida na mão. Tati e Beto continuam se agarrando no sofá.
Olho para o relógio, já é uma da manhã, precisamos sair. Me levanto pra ir ao banheiro. Edu me olha. Claudinha me puxa de canto.
— Cara o Edu ta pirando em você. — ela olha pra ele.
— Já tinha percebido na verdade — sorrio pra ela — Mas acho que não rola nada.
— Que isso o Edu é mó gatinho! Dá bola pra ele! Olha só aqueles bíceps! — damos risadas as duas alteradas pelo álcool.
— Hahahah. Não sei, acho que preciso fazer xixi!
Vou até o banheiro e observo na varanda. Mauro segura no braço de Mari, e ela se desvencilha. De longe Rafael observa tudo.
Penso que é melhor não me meter, estou muito alta pra saber distinguir o que estou vendo.
Entro na banheiro, tudo parece um pouco embaçado, tenho dificuldade de me equilibrar para ficar em pé. Arregaço as calças, caio sentada na privada. Sinto um alívio, meus olhos querem se fechar, rio abobalhada. Com dificuldade me levanto para lavar as mãos.
A porta do banheiro abre com dificuldade. Saio e dou de cara com Edu, ele me olha sorridente e eu tenho os olhos arregalados pelo susto.
— Posso usar o banheiro? — ele pergunta rindo.
— Todo seu — dou espaço para que ele passe. Ele faz questão de passar encostando de leve em mim.
Sinto que estou zonza, preciso dirigir e estou completamente chapada!
— E ai? Quando a gente vai? — Tati se levanta do sofá, e Beto continua puxando-a para si.
— Taninha com a cerveja na mão faz a mesma pergunta. Tonho olha para ela fixamente, morro de inveja.
Rafael olha pra mim e da risada.
— Acho que você não esta bem para dirigir — ele ri mais um pouco — O Mauro pode ir dirigindo.
— Você acha que vou deixar um estranho pegar meu carro??! — rio dele, mas quase caio pro lado.
— Com você dirigindo eu não vou! — Mari brinca comigo.
— Mas o Mauro é pior que eu dirigindo, ele eu não deixo pegar meu carro, não! — me altero.
Mauro me olha feio, tenta pegar em Mari, ela vai para o outro lado da sala, fingindo calor.
— Esta bem, eu dirijo — Edu me pega pela mão e me leva em direção ao elevador, fico abismada com a liberdade que ele mesmo se deu — O Rafa sabe que sou um bom motorista.
— Eu tenho escolha? — pergunto ainda sendo levada.
— Não, não tem — Claudinha segue-nos puxando Tonho pelo braço, que mede Taninha enquanto passa por ela.
— Acho melhor você ir no meu carro — Rafael diz para Mari.
— Eu também vou — diz Mauro, Rafa e Mari o olham feio.
— A gente vai no carro do meu irmão — diz Claudinha — tem lugar, já que o Edu não vai.
— Vamos nós dois — Gabriel chama Carol que chama a Tânia.
— Eu vou no carro que sobrar lugar — diz João olhando feio pra Tânia — Acho que com o Edu.
— Então vamos, ta muito enrolado pra sair!!! — grito sendo empurrada para o elevador pelo Edu.

1.28.2004

29

Agora só falta o brinco, to pronta!
Entro na sala, Mari e Mauro me olham assustados, algo aconteceu, posso sentir no ar. Mari parece incomodada e ansiosa. Mauro parece sem jeito.
— O que aconteceu? — Mari me olha sem olhar para Mauro
— Nada, só precisamos ir logo, vamos? — ela parece apressada.
— Vocês estão esquisitos...
— Não estamos, não. Vamos? — Mauro abre a porta e saímos apressados.
No carro um clima estranho, só o silêncio.
Chegamos a casa do Rafa e nenhuma palavra.
Enquanto encostamos o carro, Rafael já nos chama da varanda. Parece animado, podemos escutar música de seu apartamento. Alguns vizinhos nos olham mal humorados.
Rafael abre a porta do apartamento e sorri ao ver Mariana. Ela fica sem jeito e entra no apartamento de cabeça baixa. Mauro entra logo atrás, mal cumprimentando Rafael. Eu, olho para Rafael e não entendo mais nada.
— Entra ai, gente! Já ta um pessoal aqui.
Algumas pessoas desconhecidas no apartamento.
— Esse aqui é o Tonho, amigão meu da facul, esse o Edu, ele é amigo de infância do meu irmão e essa é a Claudinha, irmã do Tonho. O João já ta aqui também. Vou chamar o Gabriel lá no quarto.
Eduardo me olha de lado. Não gosto de seu jeito. Já o Tonho é uma gracinha, mas não me dá a menor bola. A Mari fica o tempo todo mudando de lugar e o Mauro fica atrás dela feito cachorro pidão, ainda não entendo qual é a situação deles.
Gabriel entra mal humorado na sala. Cumprimenta Edu calorosamente e vai até a cozinha, traz uma garrafa de tequila e um copo.
— Hoje vamos encher a cara! — ele coloca a garrafa com força na mesa.
— Opa! — sorrio sentando ao lado de Tonho na mesa, Edu senta do meu outro lado.
A campainha toca e entram Tati e Beto, novamente grudados. Taninha também vem, logo atrás dela uma garota, loira de olhos verdes, magra esquelética, entra com uma postura de modelo. Gabriel quase cai da cadeira. “É uma visão do paraíso”.
— Gente essa aqui é a minha prima Carol, dêem um oi pra ela! — os rapazes se levantam e vão cumprimentá-la. Ela sorri, simpática, como se fosse tudo normal.
João fica incomodado com a presença de Taninha. Mal consegue olhá-la nos olhos. Ela percebe.
— Sentem aqui pra beber tequila com a gente! — Gabriel puxa uma cadeira pra Carol se sentar a seu lado.
— Não vou beber não — Beto puxa Tati para o sofá e os dois ficam se amassando ali mesmo.
João fica emburrado numa cadeira. Tânia se aproxima dele e se senta a seu lado, sem que ele a olhe.
— Oi, João — ela fala tímida — Queria me desculpar por ontem.
— Humm — ele mal a olha.
— Eu sei que fui um pouco grosseira e sabe...é complicado. As vezes bebo demais e faço besteira.
— Tudo bem, cada um sabe como se divertir — João a olha mal humorado.
— Eu acho você um cara bacana e queria me desculpar por ter me por me portar daquele jeito. Queria que soubesse que eu achei legal o que rolou e que eu gosto de você.
— Bom saber — João se levanta e deixa Tânia sozinha. Ela fica triste e envergonhada.
Seus olhos se enchem de lágrimas, ela se segura, as lágrimas cessam. Ela se sente observada, Tonho a olha. Ela desvia o olhar sem jeito.
— Quando é minha vez? — ela se levanta em direção a mesa de tequila. Se refazendo.

Voltei!

Sim sim, voltei de viagem, mas ainda não dormi, ta foda de escrever...amanhã, juro que eu posto!!!

1.16.2004

Férias...de uma semaninha só....

Eita, eis que é chegado o momento de curtir um pouquinho,né?
Estou indo para Garops e fico por lá uma semaninha...e vcs sem historias uma semaninha...
Mas tudo bem, dia 26 estamos de volta!!!
bjinhos e boas férias pra mim!!! EHHHHH!
Vou me inpsirar bastante pra ter material literário na volta, hehehehe

1.15.2004

28

Eu corro, corro muito. Sinto que vou ser alcançada, a minha frente tem um morro, e eu posso cair, não, ai escorregueeeeei...
— ãh!! — acordo com o livro caído sobre mim. O telefone toca ao meu lado, estou confusa. Na janela o dia já não existe, mas eu me lembrava de ter começado a ler após o almoço.
— Atende ai!!!!! — alguém grita pra mim da sala. Deve ser o idiota grosso do meu irmão.
— Já atendi! Saco!!!! — ah...humor básico pós sono — Alô!
— Você tava dormindo?!?! Num acredito!!! — Mari grita no telefone — São dez da noite, eu e o Mauro estamos passando ai as onze!!!
— Como assim? O Mauro vai comigo de novo? As onze? Mas já são dez? Caramba!!!! — olho o relógio que marca dez horas em ponto, me assombro! — Tchau, tenho que me arrumar — desligo o telefone.
Mari põe o telefone no gancho e olha para Mauro desanimada.
— Ta atrasada, obvio! — ela pega a bolsa em cima da poltrona — Vamos indo que a gente apressa ela.
— Ok! — Mauro segue Mari que vai em direção a porta — Você manda.
Os dois vão andando em direção ao ponto de ônibus. Mari sempre na frente, andando rápido e Mauro correndo para acompanhá-la.
— Você sempre anda tão rápido assim? — Mauro pergunta já tomando ar.
— Não...— ela para e espera-o. Ele chega ao lado dela e ela retoma o passo. Eles param no ponto, só os dois.
Os dois ficam em pé parados, em silencio. Apenas o barulho do vento fica no ar. Um vazio desconfortável os perturba.
— Essa hora é meio perigoso, não? — Mauro olha pra Mari.
— É, um pouco — ela responde sem olhar pra ele.
— Bom que você ta com um homem, né? — Mauro coloca a mão no ombro de Mariana.
— Eu não tenho esse tipo de receio, to acostumada a pegar ônibus a essa hora — ela olha séria para ele e tira o braço dele de torno dela.
— Você ta bonita hoje — ele fica encarando-a.
Ela não quer olhar, mas o olhar insistente dele a incomoda.
— Você só pode estar brincando — ela olha ainda mais séria para ele.
— Não, to falando sério. Você nunca me pareceu tão atraente — ele a puxa para si e olha nos olhos dela. Ela engole seco. — Sei que você não costuma ficar com muitos garotos, deve ser uma menina séria, mas não precisa ter medo... — ele a chega mais para junto de si — Eu também sou um cara sério! — ele aproxima-se para beijá-la mas ela desvia.
— Olha! Nosso ônibus!!! — ela se desvencilha dele! “Salva pelo gongo”!

1.13.2004

Narcisio, Teus Olhos Pra Ti Falam Grego

Se onde heleno carvão, diamantes raros,
Se onde homéreas lágrimas, alegrias,
Se os teus castanhos olhos fossem claros
Tu e só tu, talvez te o desvendarias.

O aroma deles tu descerrarias
Sob a inaudível a que eu os comparo;
Os teus, tu somente os decifrarias
Se esses, os teus, tivessem um só faro.

Tudo preto no branco - duas zebras
Desabrochas sem nenhum enigma
"As tantas pétalas das minhas pálpebras

Ao silêncio que se lhes borborigma."
E ainda os Mistérios de Elêusis, lembras?
Tu te olhas: em flor, duas letras, sigma!

Ponts

1.12.2004

27

João fica namorando o quarto da irmã por mais de meia hora. Entre o vão da porta ele olha os pés dela se mexendo sobre a cama. A voz não para nunca, o falar no telefone incansável, ao mesmo tempo as teclas do computador...blá blá blá, plic plic plic, blá blá blá, plic plic plic.
Ele espera o momento certo para perguntar sobre a Bruninha, ela deve saber algo. “Será que ela esta longe?” Ele não se agüenta de curiosidade, mas esta amedrontado, precisa interromper a irmã, de perguntar sobre a amiga, e se ela não gostar.
Ele olha a TV ligada, e o quarto da irmã, pensa em deixar mais um pouco de lado, mas pensa ao mesmo tempo no destino, ele pode pregar peças, é preciso coragem.
Ele escuta o telefone batendo no gancho. Se prepara, atento, ainda no sofá, o momento de atacar. Ouve passos no quarto, a porta se abre, ela sai direto para a cozinha e ele não fala nada, apenas acompanha-a com os olhos.
Ela abre a geladeira e enfia a cabeça dentro. Procura algo na mesma posição por uns cinco minutos e ele não se move, apenas observa.
Ela segura um pote de sorvete e entra para dentro da cozinha, João não consegue mais vê-la. Ela volta trazendo um potinho com sorvete e segura na boca uma colher, ao mesmo tempo em que guarda o pote de volta na geladeira.
Ela vai andando de volta para o quarto e João continua estático com os olhos arregalados para ela. Ela nem se da conta e fecha a porta atrás de si.
João assusta-se com a porta que bate e levanta num pulo. “Coragem, rapaz!” Ele vai andando até o quarto da irmã, abre a porta e fica ali, parado, olhando-a teclar as letras no computador.
Após cinco minutos, ela já um pouco impaciente olha para João mal humorada.
— Jão! Que diabos você ta querendo????! — olha zangada.
— É...nada não...— ele desvia o olhar da irmã.
— Jão, meu, qual é o problema? Vai ficar me olhando com essa cara de cachorro sem dono, pó! — Ela cruza os braços e insiste.
— Eu tava aqui pensando...não sei, talvez você soubesse...
— Jão, meu, fala logo, desembucha! — ela bufa impaciente.
— Eu andei pensando naquela sua amiga lá, a Bruninha, sabe? — ele fala sem graça.
— Bruninha, mas quem diabos é ...ahhh ta! Aquela lá, hahahahahah, que é que tem? — ela olha com um ar de comédia pra ele.
— Você ainda fala com ela? — ele pergunta sério.
— Não, não falo muito — a irmã fica séria também.
— Ela se mudou pra fora? — ele se entusiasma.
— A Bruninha, hahahaha, imagine! Ela continua estudando na minha sala, Jão, a gente só que não se fala muito, por que?
— Pensei que talvez, você tivesse o telefone dela ai com você, podia ser que...
— Não to acreditando!!! Você ta querendo sair coma Bruninha?!?!?! Hahahahahah Fala sério, Jão!!! — ela cai na risada — Bom, tem gosto para tudo, né? Não aconselho, mais...
— Então você tem ou não?! — ele pergunta irritado.
— Tenho, esta ali naquela minha agenda velha, no B, pode pegar...e boa sorte, hahahahahah — ela vira de costas pra ele e continua a escrever no computador.
Ele pega a agenda, procura a letra B ansioso, amassa uma página, olha pra ver se a irmã ouviu, ela continua distraída com o computador. Ele acha, ali esta! “Bruninha” Ele abraça com carinho a agenda, olha pra ver se a irmã viu, ela não percebeu. Ele pega a agenda e sai rápido do quarto.
Ele se senta em frente ao telefone. Medita uns 5 minutos...“Devo?!”. Ele olha para a agenda, olha para o telefone e olha a sua frente, sua imagem refletida no espelho. “Sou um cara até bonitão! Ta mais do que na hora de deixar de ser tão bundão!”.
Ele toma o gancho do telefone nas mãos e disca rapidamente o número que já memorizou na cabeça. O telefone toca, alguém atende, ele responde nervoso e apressado.
— Alô, a Bruna esta? — ele gagueja.
— É ela, quem é? — responde uma voz sonolenta e dura.
— Oi, aqui é o João...
— João? Qual João, conheço uns 20 Joões!
— É eu sou irmão da Juliana, do colégio...
— Putz, também conheço 300 Julianas!!! Do colégio já da metade!!!
— A Juliana Marcones, loira e baixinha.
— Ah ta, me liguei, que é que tem, aconteceu alguma coisa com ela? — ela pergunta desinteressada.
— Na verdade não, eu é que queria falar com você, não sei se você lembra de mim, mas eu me lembro bastante de você...
— Sério?! — ela parece surpresa — Se você diz, eu acredito, né? — ela fica fria de novo.
— A gente podia se encontrar e conversar...
— Você ta me convidando pra sair?!
— É...— ele se apavora — É, por ai...
— Tá bom, não tenho nada a perder mesmo, se você quer... — ela responde sem muita vontade.
— Você já foi numa balada que fica ali na Rua Joaquim...
— Sei qual é, uma com decorações em vermelho? Você vai lá? Ta a gente se encontra lá então...Combinado! — ela desliga o telefone.
João esta imobilizado por tamanha emoção! Olha no relógio, 20 para as 10:00, tem que correr!!!

1.09.2004

Recesso de fim de semana

Oiae! To indo viajar segunda tem mais historia!!!
Bju na testa proces!!!

26

Rafael esta perdido em seus pensamentos! Sentado na varanda ele da risada sozinho pensando na noite anterior. Duas gatinhas! Sorte grande! “hehehe, to podendo!”
Ele vê o carro de seu irmão chegando na garagem do prédio pela varanda. Não da muita importância. Pensa em Mari. “Será que ta tudo bem com ela?” “Será que fiz algo que não devia, ontem?”
Gabriel entra furioso batendo as portas da casa. Rafael vai em sua direção, ele passa reto, esbarrando no irmão. Tem os olhos vermelhos e inchados.
— Que foi, mano? Ta tudo bem? — Rafael fica preocupado.
— Ta tudo beleza! Não to muito a fim de papo! — Gabriel não tem coragem de olhar para Rafael.
— Você ta com os olhos esbugalhados, algum problema? — Rafael segue o irmão até o quarto.
— Não, cara! — Gabriel esta irritado — Já disse que ta tudo beleza! — ele fecha a porta do quarto deixando Rafael pra fora.
— Eu to lá na sala se quiser trocar uma idéia — Rafa esta preocupado com o irmão. Ele vai andando pensativo até a sala. O que teria acontecido? O que ele estava fazendo ontem a noite?
A lembrança vai voltando. Ele com uma morena, grandona. O que teria acontecido? Gabriel abre a porta do quarto.
— Rafa! Você tem alguma coisa pra bolar ai?
— Não sei, preciso ver...ta afim de relaxar? — Rafael vai em direção ao quarto e procura dentro da gaveta de meias.
— É, acho que um pila ia me ajudar agora! — Gabriel responde desanimado, com o olhar perdido.
— Aqui tem um pouco — Rafael segura um saquinho e vai em direção a mesa da sala — Acho que vai dar pra nós dois!
— Capricha ai que to precisando! — Gabriel se senta na mesa de frente para Rafael.
Rafael da o cigarro para Gabriel, que acende e traga, passando para Rafael de volta.
— E ai? Vai me falar o que aconteceu, só voltou pra casa agora... — Rafael olha sério para Gabriel.
— Desencana desse assunto, vai? — Gabriel encosta na cadeira e fecha os olhos.
— Não to te entendendo...Você sai com uma morena, não volta pra casa e volta com essa cara...Po, mó morena grandeee...— Rafael lembra da cara da morena, do tamanho, do jeito, e tem um instalo de segundos — Nossa, não!
Gabriel olha estático para Rafael, que tem os olhos arregalados.
— Ela num era...era? — Rafael fica penalizado vendo os olhos do irmão se encherem de lágrimas.
Gabriel soca a mesa e trinca o vidro. Ele olha sério, muito sério para Rafael.
— Eu não merecia essa humilhação! Aquela...aquele filha da puta...— ele fica vermelho — Ninguém pode jamais saber disso, entende?! — ele olha firme para o irmão.
— Gabriel, pelo amor de Deus, você não tem culpa...
— Nada aconteceu, a descoberta foi a tempo, mas a humilhação é a mesma! Você sempre se dá bem, não sabe o que é ter que lutar por alguém...— ele se torna frágil, quase que implora — Por favor, não fala isso pra ninguém.
— Pode ficar tranqüilo, isso não vai acontecer, ninguém precisa saber disso — Rafael olha o irmão sério.
— Esta bem — Gabriel se dirige pro quarto em silêncio.
Rafael não sabe o que fazer para ajudar o irmão, mas algo ficou na sua cabeça, palavras duras do irmão “Você não sabe o que é ter de lutar por alguém”. Aquilo o deixou inquieto.
Olhou para a varanda, sentiu uma leve brisa no ar, seus olhos pesaram e ele dormiu ali mesmo, em cima da mesa.

1.08.2004

25

Ai que fome dos diabos!!!!
— Cadê a comida!?!?!?! To com fome!!!! — jogo minha bolsa em cima do sofá, tiro os tênis e arremesso um para cada lado da sala.
A mesa já esta arrumada. Sento na frente do meu prato e começo a bater com os talheres no prato, gritando pela comida. Josefa, a moça que cozinha, trás um prato cheiroso com fumacinhas em cima!
— Ta com pressa? — ela pergunta dando risada.
— To com uma fome!!! Você nem imagina...
— Sei sei...também chega mais de 5 da manhã... — ela responde com tom de desaprovação.
— Era quinta feira! — respondo sorrindo e enfiando a colher pra pegar a lasanha.
— Sei sei...você vai morrer cedo se continuar assim! — ela sai em direção a cozinha e eu como em garfadas rápidas, ai que fome!!!
O telefone toca. Que preguiça de ir atender. A lasanha esta tão boa. Ai que inferno!
— Alô – atendo ainda mastigando.
— E ai? Que vamos fazer hoje? — uma voz feminina que quase posso duvidar de quem seja.
— Mari?!?!? Como assim? — perco o interesse pela massa.
— To afim de sair hoje! Vamos pra balada?! Que você ta pensando em fazer? — ela fala animada, decidida.
— Que ta acontecendo com você? Da uminha e fica toda animada assim? — não posso conter o riso — heheheheh!
— Não, to falando sério! Vamo!? — ela quase suplica.
— Você ta puta com alguma coisa? O Rafael te fez alguma coisa? — pergunto desconfiada.
— Nem, não tem nada haver com o Rafael! Ele ta em outra e eu também estou! — ela responde séria.
— Você ta se sentindo comida e jogada fora, é isso? — questiono como se já conhecesse essa história.
— Não, não é isso, mas...Ah sei lá! Não quero pensar nisso, só isso! — ela se revolta — Vamos sair hoje!
— Acho que é muito cedo pra você se sentir assim, mas enfim, eu também quero dar uma lição num alguém, então vamos na boate de ontem hoje! — penso no que irei aprontar e dou risada comigo mesma.
— Então combinado, passo ai e vou com você, pode ser? — ela fica feliz.
— Combinado, 11:00 aqui! Beijo!
— Beijo!
Coloco o telefone no gancho e ele toca em seguida.
— Alô — atendo.
— Oi, é o Mauro! Vamos pra balada?
O celular toca.
— Espera , Mauro! — mudo de telefone — Alô, oi Tânia!...Balada hoje, claro — um bip — Perai que ta tocando a outra linha — Alô! Fala Rafa! Beleza! Já sei, balada? Perai que to falando com o Mauro e com a Tânia na outra linha! — Alô, Mauro? Ah você ta falando no cel, ta perai que vou falar com a Tânia então...— Taninha? Então hoje na boate de sempre! Já falei com a Mari ela vai, beleza a gente se vê lá! — Rafa? Opa! Boate hoje! Vai eu, a Mari, a Tânia e o Mauro acho, você podia chamar seu irmão, liga pro João, quem sabe ele num quer ir, né? Ta eu aviso o Mauro pra ele levar sua blusa! Fazer um esquenta na sua casa? Pó é uma idéia! Vou ligar pra Taninha e Pra Mari ver se elas topam. Bele, combinado! — Alô, Mauro? Ah vc escutou minha conversa, então bele, 11:30 no Rafa, ta? Ta bom, vou ligar pra Tânia e pra Mari, não esquece a blusa, bjos! — Alô , Mari, vem pra cá 10:30 pra gente ir fazer um esquenta no Rafa, é pode ser, você se incomoda? Não, ta beleza então, te espero! Vou ligar pra Tânia agora! — Alô, Taninha? Meu, vamos fazer um esquenta antes no Rafa? Beleza, perai que ta tocando o celular de novo! — Alo, oi Rafa, ta, ta bom, a gente leva umas brejas sim, pode deixar! — Alo, Tânia? Meu, leva breja ta? 11:30 lá então.Ta bom, beijo!
Ufa...quanta gente ao mesmo tempo!!! Vou finalmente comer. Vou com gosto para a garfada... a lasanha esta fria!
— Josefa!!!! Esquenta pra mim?!?!?!?

1.06.2004

24

Mari esperou que o sinal soasse e correu para a saída da faculdade, tentando não encontrar ninguém no caminho. Não sabia o que era mais constrangedor, se sentir observada, responder as minhas perguntas indiscretas ou a vergonha de encontrar Rafael no caminho.
Mal sentia o chão que pisava, mal via por onde passava, só precisava sair daquele lugar, ficar longe dali o mais rápido possível. Esbarrando em uns, desviando de outros e sempre com um único objetivo, a porta de saída.
Ufa, ei-la! Ela anda mais meio quarteirão e respira tranqüila, pode sentir um pouco de liberdade, sem cobranças. Um minuto podendo ser a Mariana de sempre.
— Mari! — ela olha abismada para Rafael segurando em seu braço — Nossa, a gente nem conseguiu conversar direito hoje.
— Rafa...oi...é que...— ela sente vontade de chorar — hoje eu estou um pouco apressada, é isso! — ela sorri sem vontade.
— Deixa eu te levar em casa então, to de carro — ele aponta o automóvel para ela.
— É...— ela não sabe o que fazer ou dizer. Esta cansada e desapontada pelo esforço da fuga inútil. Ela se cala e segue em direção ao carro sem muita vontade.
Ele abre a porta pra ela, tem um ar alegre. Ela se sente constragida. Ele liga o rádio, batidas fortes, um cantor se esgoela em notas desafinadas, enquanto os dois se mantém em silêncio, silêncio desconfortável.
— E ai? Conseguiu chegar a tempo na aula hoje — Rafael olha pra ela e dirige ao mesmo tempo.
— Na verdade não, cheguei na terceira aula — ela responde baixo, suas bochechas estão levemente vermelhas — Minha casa é virando a direita.
— Nessa rua? — ele aponta o braço sobre ela.
— É — responde sem jeito, desviando atrapalhadamente.
— Obrigada pela carona — ela da um beijo rápido no rosto dele e sai do carro. Rafael parece decepcionado.
Ele observa Mari entrando no prédio. “Acho que ela não quer mais nada”. Não consegue entender as atitudes dela, porque agir daquela maneira? Será que não foi bom pra ela?
Ele fecha os olhos, respira fundo e lembra da noite passada, um sorriso no rosto...o celular toca.
— Alo...
— Rafa! Oi, gatinho!!!! Lembra de mim?! — uma voz feminina animada.
— Aaaa...— ele se esforça para lembrar.
— Mas que memória curta, heim??? De ontem!— a garota da risada.
— Oi, tudo bom?! — ele sorri — Dormiu bem? Hehehe — ele relaxa no assento do carro.
— Pensei em você, vai sair hoje?
— Provável, hoje é sexta feira, né? Fazer o que...
— Eu to pensando em ir de novo naquele lugar de ontem, você bem que podia aparecer por lá, né?
— É, podia sim — ele da risada — Gosto dos freqüentadores, hehehe.
Mari sai do prédio e percebe que o carro de Rafael continua parado ali, ele não a vê. Ela observa ele entretido no telefone, dando risada, animado. Mari sente um ódio subindo pela garganta. Sai andando furiosa pela calçada.

23

João não assistiu a nenhuma aula. Ficou durante horas sentado de frente a quadra de basquete, pensando na vida. Ninguém perguntou por ele, ele também não lembrou de ninguém. No seu pensamento uma única pessoa...Bruninha. “Bruninha é que era mulher de verdade...”
Pensando na noite passada essa afirmação ficava mais forte no seu pensamento... FLASHBACK:
— Ta entregue em casa! — ele desce do carro e entrega a chave pra Taninha enquanto ela sai pelo outro lado do carro.
— Por que você não sobe comigo também? — ela fala se segurando nele para não cair.
— Você ta precisando de ajuda pra subir? — ele a coloca de pé.
— Não, na verdade eu to precisando de outro tipo de ajuda — ela sorri pra ela de olhos semi abertos.
— Não, acho melhor não. Você nem me conhece direito, só porque ta sozinha em casa...
— Sozinha em casa???! — ela cai na gargalhada — Meus pais estão ai, não tem do que se envergonhar! Vamos lá!
— Ah, então boa noite — ele se vira inconformado. Não espera que ela entre no prédio e anda em direção ao ponto de ônibus.

“É...a Bruninha jamais se colocaria numa situação dessas.”
João observa as pessoas que passam, batendo bola, correndo juntas e descobre num insight... “Meu destino é conquistar a Bruninha!”
João se levanta num momento único de inspiração, sente o vento bater atrás de sua nuca, como se Deus abrisse o céu e mostrasse a verdade do sentido de sua vida, e ele sorri e quase chora.
Um menino que lê no banco ao lado olha estranhando “Putz, a galera não tem mais hora pra tomar essas coisas, fala sério!”.
João começa a andar, perdido nos pensamentos. Lembra-se daquela Bruninha que há tantos anos já não freqüentava mais a sua casa. Sua irmã deveria ter algum telefone, endereço, email, ou notícia de onde ela poderia estar.
Como ela estaria? Linda como sempre, sem dúvidas. Será que teria um namorado? Não, não, era o destino, o destino não mente. Ela estaria lá, solitária, esperando por ele.
Se tivesse sido mais corajoso quando mais novo, a se tivesse sido corajoso...Ela com certeza teria se interessado mais e eles não teriam que passar por essas dificuldades que o destino impunha a eles. Mas a emoção, a dificuldade em se encontrar o verdadeiro amor, ah, isso era emocionante e daria ainda mais vivacidade ao amor deles.
Sentou-se novamente, pegou um bloco de papéis e sabia que naquele momento ele tinha que escrever um poema, pois sua vida, sua simples vida havia mudado...

RECOMEÇO

é galera, recomeça hj os novos capitulos, espero que eles sejam continuos eba!! hehehe
bjo!

1.05.2004

22

Mari tenta ser o mais discreta possível, mas sente que todos os olhares da sala estão nela. Ela se senta tentando não derrubar todos os livros que carrega.
Ela para os olhos no professor, mas não consegue ouvir uma só palavra do que ele diz, seu pensamento esta totalmente voltado para Rafael. Fica lembrando de tudo e não consegue segurar o sorriso no rosto. Deve estar fazendo cara de boba, ela tenta se conter e percebe que o rapaz ao lado esta olhando.
Mari olha para ele e ele sorri pra ela. Ela olha para frente e sente que ele ainda não desviou o olhar. Volta a olhá-lo e ele a sorrir.
“Ele deve saber!” É o primeiro pensamento que vem na cabeça de Mari. “Todo mundo já deve estar sabendo!” “Devo ser a piada da faculdade!” Mari começa a se sentir ainda mais observada. Ao seu lado percebe olhares dos meninos.
— Mari? — o menino do seu lado a cutuca, ela se assusta — Que você fez? Ta diferente!
— Diferente?! — Mari fica séria, ofendida — Como assim?!
— Ora, ta bonita! Quer dizer, mais bonita! — Ele da uma piscadinha pra ela.
Mari sorri sem jeito. Esta chamando mais atenção do que o normal. Enfia a cabeça sobre os braços, pensando no que poderá fazer para reverter essa situação.
O professor termina a aula, Mari acorda de seus pensamentos e eu limpo a baba das minhas mãos.
— Mari, e ai? Ai, desculpe, aconteceu algo horrível, você chegou bem em casa? Quem te levou? — vou acompanhando-a no corredor.
— Não, não teve problema, eu dormi no Rafael. Fui pra casa hoje cedo.
— Você dormiu lá?! — fico boquiaberta olhando-a.
— É dormi — Mari continua andando sem olhar para mim. Ela sente que os meninos a olham diferente. Com interesse. Como se sorrissem mais para ela.
— Que estranho, mas você...
— Nossa, eu to morrendo de fome, da para gente conversar depois? — Mari anda apressada em direção a máquina de café! “Ai, caramba, está escrito na minha testa FIZ SEXO!”
Mari coloca uma moeda na máquina de café. Ela olha para o outro lado da lanchonete e vê Rafael chegando, apressado, com os cabelos ainda molhados. Ela fica atrapalhada, envergonhada, tenta se esconder atrás de uma roda de pessoas que conversam distraidamente.
— Mari?! Você não vai pegar o seu café?! — Puxo Mari de canto.
— Que?! — ela me olha assustada — Ah! É mesmo — ela sorri sem jeito, sem poder olhar para mim.
— Você transou com o Rafael, não transou? — olho pra ela animada demais para conter o sorriso.
— Ah!...Ah! — Mari fica sem palavras e nervosa!
— Não acredito!!! Justo você! — começo a rir sem controle, as pessoas ao lado observam. Rafael também olha para nós. Ele vê Mari de longe e acena para ela, ela acena de volta sem jeito. Ele vem se aproximando.
— Droga — ela sussurra — Depois a gente conversa eu to com um pouco de pressa.
— Oi — Rafael não tira os olhos de Mari, ela fica sem graça e não sabe como agir.
— Oi — ela responde sem olhar para ele diretamente — Bom, eu tenho que sair agora, depois a gente se fala. Tchau.
Rafael tem um ar de decepção. Troca três palavras comigo e sai.
Mari entra no banheiro, fecha a porta da cabina, abaixa a tampa do vazo e senta. “Que situação! O Rafael deve estar tentando ser gentil para não ficar chato pra ele!” Ela abaixa a cabeça. “Droga! Não quero que ele fique com pena de mim, só porque ele me comeu!”.
Ela escuta batidas na porta do banheiro. Ela abre assustada e uma mulher, com o cigarro caído no canto da boca pede que ela não fume no banheiro.
— Mas, senhora, eu não estava fumando!

mensagem pra começar um novo ano de blog!!!

Bom, gente é o seguinte, resolvi que quero recomeçar a escrever e até já escrevi mais alguns capitulozinhos daqueles contos, crônicas, seja lá o que... então pra recomeçar irei repostar o ultimo capitulo o 22 e recomeço amanhã com os novos!!! Quem quiser ver o princípio da história esta ai nos arquivos...boa sorte pra quem lê!
E pra começar um novo ano um texto que roubei domeu amigo, que roubou do drummond que é um dos escritores mais animais que já li no mundo! Adoro vcs bju!

"Quem teve a idéia de cortar o tempo em fatias, a que se deu o nome de ano, foi um indivíduo genial. Industrializou a esperança, fazendo-a funcionar no limite da exaustão. Doze meses dão para qualquer ser humano se cansar e entregar os pontos. Aí entra o milagre da renovação e tudo começa outra vez, com outro número e outra vontade de acreditar que daqui pra frente... tudo vai ser diferente!" (Carlos Drummond de Andrade)

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