6.20.2006



Auto retrato

Ele só te atinge se você abrir pra ele entrar...
É isso que vc quer?

George disse:

Let me tell you a secret
Pur it in your heart and keep it
Something that i want you to know
Do something for me
Listen to my simple story
And maybe we'll have something to show

You tell me you're old on the inside
How can the outside world
Be a place that your heart can embrace
Be good to yourself
Because nobody else
Has the power to make you happy
...

(Heal The Pain)

Ele se sente só.
Ele olha o mundo e sente que não faz parte de lugar algum.
Ele olha a calçada e não se reconhesse dentre aquelas pessoas que passam.
Ele olha o sofá e não entende aquelas crianças.
Ela olha a mulher ao lado da cama e não sente o amor dela.
Ele olha o espelho e não sabe quem é aquela figura que olha para ele.

Olhos teus
Tão meus
Vc vê o mundo com eles
E eu vejo seu mundo neles.

olhos baixos

Era noite de chuva,
Ela ficou esperando de pé, em frente a janela.
O relógio marcava mais de 3/4 de horas de atraso.
Ela tinha os olhos baixos, tristes.
A roupa, escolhida horas antes, caia sobre o corpo desmilinguida.
Os cabelos, presos delicadamente, deixavam escorrer a fivela de flores.
A bolsa a tiracolo, postura imóvel, sem tirar os olhos da rua.
Era noite de chuva e ela esperou até que a chuva cessasse e a esperança secasse junto a última gota sobre a calçada...

6.19.2006

E quem disse?

E quem disse que foi isso que aconteceu?
Ninguém disse absolutamente nada!
As idéias ficaram jogadas no pensamento... imaginação que só criou dúvidas e mais nada.

a jaula

Sinto grades entre o eu e o mundo.
Grito até não poder mais, mas a voz não alcança.
Doi o peito arfando em emoção, que entalada não sai para fora.
Choro de desespero, mas as lágrimas não se derramam.
As risadas estão na frente na fila dos sentimentos.
Elas aguardam ansiosamente pelo sentir.
Esperam pela entrega, absolvição de uma alma já cansada de estar presa.

hummm

A diferença entre ser adulto e deixar-se apodrecer por dentro será realmente uma tênue linha?

Os pensamentos vem e vão, não como o vento, mas como enormes ondas, cheias de velocidade e pressão. Eles bombardeiam uma mente perdida, cheia de dúvidas que boiam em meio esse maremoto de emoções.

A mente não para e os pensamentos são meus eternos companheiros, eles não me deixam só... nunca!

6.09.2006

54

Estou no carro com Mauro, mas meu pensamento esta longe. Mal percebo as freadas em cima dos sinais, as derrapadas sem controle e as buzinadas que fazem da nossa ida a boate uma aventura.
Minha cabeça pensa mil coisas ao mesmo tempo, mas a verdade é que estou nervosa porque terei de encarar Tony. O carro estaciona e o manobrista já abriu minha porta a muito tempo e mal percebo que já estou para fora do carro.
Observo a fila kilométrica que já chega ao fim do quarteirão, não sinto forças nem pra me sentir desanimada. Sinto uma leve tontura, penso que vou cair no chão a qualquer momento. Alguém me segura, sinto as mão de J. sobre meu braço.
- Você esta bem? ? ele olha atordoado para mim.
- Claro ? respondo sem olhá-lo direitamente ?Tudo bom? ? cumprimento-o sem realmente encará-lo nos olhos.
- Tudo bem, mas você não me parece nada bem ? ele acena para o segurança ? Vamos entrar na balada, a gente pega uma água la dentro.
- Tudo bem... ? olho pra ele sorrindo ? Eu estou bem, sério ? eu sigo ele e Mauro vem logo atrás de mim. Ainda vejo Taninha se aproximar com Tonho. Ela parece já estar alegre.
Mauro entra na balada e mal percebe que não fui junto com ele, J. me leva pra dentro da cozinha, me senta num banco e me da uma garrafa de água mineral. Olho pra ele rindo.
- Você esta se preocupando demais comigo, não precisa ? afago o ombro dele e bebo a água.
- Você esta estranha, aconteceu alguma coisa? ? ele me olha sério e fico encabulada ao lembrar do que aconteceu.
- Nãaaao, não rolou nada, não. Vem, vamos entrar antes que fique insuportável de andar lá dentro ? me levanto e o puxo.
- Tem certeza? ? ele me para e me encara ainda sério.
- Tenho ? continuo andando, sabendo que estou mentindo.

Mari esta sentada ao lado de Rafa no carro. Ela olha para ele, olha para si e se sente esquisita. Como se aquele lugar não pertencesse a ela.
Rafa percebe a agitação de Mari e começa a dar risada.
- Qual o problema? ? ele acaricia o braço dela.
- Não sei... ? ela responde sincera e inquieta.
- Você esta nervosa com alguma coisa? ? ele segura a perna dela que se mexe incansavelmente.
- Acho que é vergonha mesmo... ? ela conclui desagradada.
- Sabe de uma coisa? Você precisa relaxar. Eu tenho a coisa perfeita para você ? Rafa tira do bolso um cigarro de palha pronto e da pra Mari.
- Ai... ? ela olha para ele, olha para o cigarro e para ele novamente ? Nunca provei isso, não.
- Sempre existe uma primeira vez pra tudo na vida ? ele acende o cigarro e passa para ela.
- Ai ai ai ? ela olha desconfiada ? Rafa da mais uma baforada e devolve para ela insitente. Ela traga com cara de estranheza e começa a tossir, Rafa cai na gargalhada.
- É, você não leva muito jeito pra coisa mesmo ? ele tenta tirar da mão dela e ela o impede.
- Pera, cof cof, deixa eu tentar melhor ? ela enche a boca de fumaça ? Cof cof cof ? ela tosse mais forte ? Acho que não deu, esse negócio é ruim demais, arde a garganta ? ela devolve o cigarro para Rafa, mal humorada. Ele ri dela e continua a fumar.
Rafa continua dirigindo e Mari fica estranha, com cara de quem esta com gosto ruim na boca. Ela para e começa a apertar o lábio, olhando-se no espelhinho do carro. Rafa só a observa de canto.
Mari olha a janela sorridente, as pernas não balançam mais. De repente ela começa a rir. Rir devagarinho, olhando para os próprios pés. A risada vai aumentando, ainda tímida. Rafa da risada apenas de olhá-la com o canto dos olhos. Mariana cai na risada e vai rindo mais e mais até começar a gargalhar descontroladamente.
- Acho que não fez efeito essa coisa, não ? ela olha para ele ainda rindo sem parar.
- A não? Ta bom... não fez, hahaha ? ele olha para ela e começa a gargalhar com ela.
- Eu não to sentindo nada ? ela atropela as palavras com as risadas.
- Então por que você esta rindo tanto? ? ele olha inconformado para ela.
- Não sei, hahahahaha ? ela cai na risada, já esta chorando de rir.
Rafa para o carro.
- Pronto chegamos na balada ? ele olha para Mari. Ela respira e cai na gargalhada de novo.

6.08.2006

- Por que não existem duas laranjas iguais?

- Você não viajou até Sevilha para encontrar uma mulher. Se veio, não precisava ter tido tanto trabalho, mulher é o que não falta na Europa. Mas você queria encontrar a mim. E eu sou única.
...

Quando nos levantamos ela me puxou para junto do tronco de laranjeira debaixo do qual tinhamos ficado sentados, ou talvez tenha me empurrado para lá, não me lembro mais:

- Pode me beijar agora, Jan Olav. Porque eu finalmente o fisguei.

Eu pousei a mão em suas costas e a beijei de leve na boca. Ela disse:

- Não, eu quero um beijo de verdade! E também quero um abraço!

A menina das Laranjas

6.06.2006

E eu vim até aqui pra não ficar, pq quem fica não anda e quem não anda nunca acha aonde ficar...

E mesmo que fosse não era...

E se sonhar acordado é viver mais intensamente, quero nunca mais acordar...

E quando vc me toca, mal sinto meu corpo, desejo ser insensível assim sempre...

E se fecho os olhos vejo você, a minha cegueira me faz ver o que escolho querer...

E se escrevo coisas sem nexo, pra mim fazem todo o sentido e continuarei sentindo essa sensação de confusão gostosa por mais que outros não compreendam tão bem, bem como eu não sei explicar!

6.02.2006

53

Já pronta pra sair, me olho desanimada no espelho. Sinto que esse sábado esta estranho, existe algo no ar de errado. Talvez seja a noite passada que me apavora. Não sei se quero reencontrar com Tony. Fecho os olhos e a imagem de nós dois juntos me estristece. Me pergunto porque não podemos ir em locais diferentes, alguma vez na vida.
O telefone toca, um vulto passa rápido por mim e antes que eu possa me virar pra entender o que esta acontecendo meu irmão atende apressadamente, com um ?oi? bem humorado.
- Oi paixão, claro que eu vou te buscar ai - ele fala molemente, sorriso no canto da boca.
"Oi paixão?" meu irmão esta namorando? Não posso acreditar. Sinto raiva dele. Na verdade estou com raiva de tudo. Raiva do namoro dele, raiva da namorada dele que nem sei quem é, raiva do Tony que é um brocha, raiva do Beto e da Tati que me deixaram esperando, raiva de ir na balada, raiva, raiva, raiva aaaaaaaaaa!!!!
Perai! Que dia é hoje? Olho o calendário. Ah, não podia ser diferente...TPM, a famigerada tpm. Respiro fundo. Agora já sei de onde vem tanta amargura. Vou até o armário, pego o remédio, coloco três gotinhas num copo com água e bebo. Pronto, em meia hora não existirámais rancor nessa pessoa.
As coisas não estão tão ruins assim. Tati e Beto vão se ajeitar, meu irmão namorando vai ficar um pouco longe de mim o que é otimo e Tony...ah, Tony é uma péssima história mesmo, não tem nenhum remédio que possa melhorar minha visão sobre isso.
O interfone toca interrompendo meu pensamento. Eu atendo e o porteiro me avisa que o Mauro esta lá embaixo, como assim? Eu não falei que encontrava com ele na balada? Muito espertinho ele. Respiro fundo, afinal o remédio contra tensão pré menstrual ainda não fez efeito.

Tania esta sentada na porta do prédio, olha o relógio, balança ansiosamente as pernas, olha pros dois lados da rua, Tonho esta atrasado.
"Ai caramba onde será que ele se meteu? Será que ele desistiu de vir? Será que vai me castigar porque eu não dormi com ele? Não, ele não faria isso. Será que aconteceu alguma coisa? Um acidente?", Taninha esta alarmada.
Tania vê João chegando ao longe com algo enorme nas mãos. Aos poucos ela reconhece um bouquet de florês, mas não consegue entender o que ele pretende.
- Por favor - João se volta para o porteiro do prédio, sem perceber a presença de Taninha, ali sentada - O senhor me ligaria no apartamento da Tania?
- Tania? Mas quem que é Tania, meu rapaz - o velho responde sorridente.
- João? - Taninha começa a entender o que esta prestes a acontecer e vai falar com ele - O que que você ta fazendo aqui? - ela olha abismada para ele, que carrega aquele monte de flores coloridas, que mal consegue segurar.
- Tania? - ele arregala os olhos amedrontado e depois abre um sorriso - Eu trouxe isso pra você!
- Mas... pra que? - Taninha não consegue conter a surpresa.
- É... - João não esperava aquela reação, não estava pronto para ouvir isso.
- João, que é que esta acontecendo - Você veio pedir desculpas, tudo bem, eu já te desculpei - Taninha fala séria, ainda nervosa porque Tonho estapra chegar.
- Não, não - João olha pra baixo e toma coragem - Eu vim aqui porque eu gosto... quer dizer... porque eu ... eu estou apaixonado por você! Quero que você seja minha namorada, que fique comigo...é...
A buzina de Tonho interrompe João, que fica travado no meio da fala, olhando com cara de cachorro abandonado para Tania. Ela esta sem palavras.
- João, escuta, eu não sei nem o que dizer... - Tonho buzina de novo e da um tchauzinho de dentro do carro. Taninha fica sem fala de novo, e mais uma buzinada - Desculpe, podemos falar disso depois? Eu preciso ir... - Tania olha sem jeito para João que esta desolado e vai em direção ao carro.
João fica abobalhado vendo-a entrar no carro.
- E as flores... - João ainda tenta gritar para ela tentando equilibrar as flores. Ele fica desolado, com aquele peso nas mãos.
Ele ainda fica mais um tempo parado, pensando e num estalo começa a andar e com raiva joga as flores no lixo.

This page is powered by Blogger. Isn't yours?