10.30.2003

22

Mari tenta ser o mais discreta possível, mas sente que todos os olhares da sala estão nela. Ela se senta tentando não derrubar todos os livros que carrega.
Ela para os olhos no professor, mas não consegue ouvir uma só palavra do que ele diz, seu pensamento esta totalmente voltado para Rafael. Fica lembrando de tudo e não consegue segurar o sorriso no rosto. Deve estar fazendo cara de boba, ela tenta se conter e percebe que o rapaz ao lado esta olhando.
Mari olha para ele e ele sorri pra ela. Ela olha para frente e sente que ele ainda não desviou o olhar. Volta a olha-lo e ele a sorrir.
“Ele deve saber!” É o primeiro pensamento que vem na cabeça de Mari. “Todo mundo já deve estar sabendo!””Devo ser a piada da faculdade!” Mari começa a se sentir ainda mais observada. Ao seu lado percebe olhares dos meninos.
— Mari? — o menino do seu lado a cutuca, ela se assusta — Que você fez? Ta diferente!
— Diferente?! — Mari fica séria, ofendida — Como assim?!
— Ora, ta bonita! Quer dizer, mais bonita! — Ele da uma piscadinha pra ela.
Mari sorri sem jeito. Esta chamando mais atenção do que o normal. Enfia a cabeça sobre os braços, pensando no que poderá fazer para reverter essa situação.
O professor termina a aula, Mari acorda de seus pensamentos e eu limpo a baba das minhas mãos.
— Mari, e ai? Ai, desculpe, aconteceu algo horrível, você chegou bem em casa? Quem te levou? — vou acompanhando-a no corredor.
— Não, não teve problema, eu dormi no Rafael. Fui pra casa hoje cedo.
— Você dormiu lá?! — fico boquiaberta olhando-a.
— É dormi — Mari continua andando sem olhar para mim. Ela sente que os meninos a olham diferente. Com interesse. Como se sorrissem mais para ela.
— Que estranho, mas você...
— Nossa, eu to morrendo de fome, da para gente conversar depois? — Mari anda apressada em direção a máquina de café! “Ai, caramba, está escrito na minha testa FIZ SEXO!”
Mari coloca uma moeda na máquina de café. Ela olha para o outro lado da lanchonete e vê Rafael chegando, apressado, com os cabelos ainda molhados. Ela fica atrapalhada, envergonhada, tenta se esconder atrás de uma roda de pessoas que conversam distraidamente.
— Mari?! Você não vai pegar o seu café?! — Puxo Mari de canto.
— Que?! — ela me olha assustada — Ah! É mesmo — ela sorri sem jeito, sem poder olhar para mim.
— Você transou com o Rafael, não transou? — olho pra ela animada demais para parar de sorrir.
— Ah!...Ah! — Mari fica sem palavras e nervosa!
— Não acredito!!! Justo você! — começo a rir sem controle, as pessoas ao lado observam. Rafael também olha para nós. Ele vê Mari de longe e acena para ela, ela acena de volta sem jeito. Ele vem se aproximando.
— Droga — ela sussurra — Depois a gente conversa eu to com um pouco de pressa.
— Oi — Rafael não tira os olhos de Mari, ela fica sem graça e não sabe como agir.
— Oi — responde ela sem olhar para ele diretamente — Bom, eu tenho que sair agora, depois a gente se fala. Tchau.
Rafael tem um ar de decepção. Troca três palavras comigo e sai.
Mari entra no banheiro, fecha a porta da cabina, abaixa a tampa do vazo e senta. “Que situação! O Rafael deve estar tentando ser gentil para não ficar chato pra ele!” Ela abaixa a cabeça. “Droga! Não quero que ele fique com pena de mim, só porque ele me comeu!”.
Ela escuta batidas na porta do banheiro. Ela abre assustada e uma mulher, com o cigarro caído no canto da boca pede que ela não fume no banheiro.
— Mas, senhora, eu não estava fumando!

10.24.2003

Estou bal , beu!

É galera, to em recesso por garganta inflamada e bunda dolorida! Mas logo mais eu estou de volta pra continuar escrevendo os continhos...enquanto isso...fiquem com o site do fudge, que afinal é o único que atualiza!!!

10.21.2003

Indignação

Nessa minha parada para Mostra resolvi assistir um filme do talentozíssimo Michael Haneke... Tempo de Lobos...
Imagine só a cena...Sala lotada, vários famosinhos, estudantes de cinema, amigos do passado, todos ansiosos, confusão total, shi pra lá e shi pra cá...
Eis que o filme começa...tensão...se passam 15 minutos e a galera começa a se inquietar, uns levantans, outros resmungam...
Enfim, filme ruim, sala mala, dinheiro no lixo...
Po, Haneke, como é que pode fazer dois filmes tão bons e depois perder a mão assim...
Ta certo que devido a situação e a expectativa o filme talvez nem seja tão ruim, mas que rola uma indignação...
Bem...era isso, afinal o blog é meu e eu desabafo quando eu quiser!!!

10.20.2003

Relatividade do Tempo

Quando estava na França fui ao museu de Salvador Dali e li algo sobre a relatividade do tempo que me identifiquei. Dali fala sobre seu relógio derretido, em que representa o tempo como variável, como se cada hora tivesse seu próprio tempo, como se cada um tivesse seu próprio momento. Era algo sobre o instante de cada um ser algo mutável e que se relaciona com o sentimento momentâneo, como se a cada fase da sua vida o tempo tivesse uma duração diferente.
Por que um domingo solitário custa a passar e uma viagem de fim de ano de 7 dias passa em poucos instantes?
Aonde esta a nossa noção do tempo? Seria essa a relatividade do tempo ou a relatividade da memória?
Algo a se pensar,não?

10.19.2003

21

Hummm...que soninho bom, a cama esta tão macia, tão gostosa, ai que delícia é descan...Perai! Tem alguma coisa errada, isso aqui ta muito bom pra ser verdade!
Olho o despertador ao meu lado, os números 12:00, piscam incessantemente, 12:00, 12:00, 12:00 Não! Esse maldito despertador!!!!! Olho o relógio de pulso e já são 9:00 da manhã, estou mais atrasada do que nunca.
Levanto da cama apressada, tento vestir as calças correndo. Percebo que esta do avesso. Tiro com mais pressa, coloco do lado certo e recoloco a calça.
— Porra! Ninguém me acordou!!?!?!?! Perdi a aula! P... Ca...Meu, vai se f...Ninguém ajuda, ninguém serve pra nada nessa casa!!!! — meu humor matutino é algo inacreditável quando estou atrasada.
Acalmo-me. Fico em silêncio. Percebo que não há ninguém em casa. Todos já se foram, faz um bom tempo e apenas eu perdi a hora. Diabos!
Me arrumo e pego uma banana pra ir comendo no caminho, mas uma sensação de que estou esquecendo algo fica presente. Não há tempo para pensar nisso, preciso ir pra aula voando.
Corro para o carro, choramingo com remorso ao ver o enorme amassado feito na noite anterior. Paciência, a vida tem que continuar.
Saio apressada da garagem, quase atropelo um passante, quando de repente me lembro do que esqueci: “Mari”! Esqueci completamente que tinha que levá-la para casa ontem. Como será que ela foi embora? Coitada, deve ter morrido de tédio.
Encosto o carro o mais rápido possível. Corro até a sala, entro fazendo barulho e o professor me olha com desaprovação. Mari não está na sala. O que terá acontecido. Me sinto preocupada.
Alguém me cutuca, me entregam um bilhetinho. Abro: “Tava boa a noitada ontem?!” Olho para trás enfurecida. Mauro me dá um tchauzinho. Que belo idiota! É só o que consigo dizer!
Tento prestar atenção no que o professor fala, ele me olha bravo. Outro cutucão, mais um bilhete: “Hoje rola balada! Fale comigo depois da aula.” Não! Não! Preciso dormir, olhe meu estado! Minhas olheiras...vou responder que não.
Olho para o professor, dou um sorrisinho, fecho o bilhete. Melhor falar que não depois da aula. Ouço mais umas 5 palavras, os olhos começam a piscar, o sono começa a aparecer.
A porta abre repentinamente, Mari entra apressada, penso ainda nela, mas meus olhos estão muito pesados. Deito sobre os braços e penso na noite, o professor fala sobre a economia do país e eu penso...zzzzzzzZZZZZZZZZ.

10.18.2003

Homenagem...

Não escrevi o restante da história...
Mas gostaria de agredecer e homenagear o Samir que ao me elogiar num momento de muita "euforia" me fez pensar em escrever o dia todo...
Paciência meu caro!!!!

10.14.2003

20

20

Mari sente uma claridade no seu rosto, uma sensação gostosa da manhã. Parece que não dorme bem assim há muito tempo, com sonhos tão bons.
Uma sensação de frescor, de liberdade, como se o lençol pudesse passar liso e macio por todo seu corpo...NÚ! Mari olha para debaixo do lençol e esta nua, com medo ela vira os olhos devagar para o outro lado da cama e percebe que não foi apenas um sonho bom.
Não está sozinha. Na cama, a seu lado, Rafael dorme tranqüilo, com um sorriso no cantinho dos lábios. Mari sente uma vergonha pesada! Não consegue mais se mexer.
De repente o mundo parece tão abafado, lhe falta ar! “O que fazer? O que fazer?” “E agora, o que irão pensar de mim?”.
Ela resolve se levantar. Faz um movimento brusco, mas se reprime, não deve fazer barulho, Rafael pode acordar.
Ela se gira vagarosamente no colchão e se arrasta até o chão, fazendo o mínimo de barulho possível. Rafael respira fundo, mas não acorda.
Ela procura silenciosamente sua roupa pelo chão, cada peça esta em uma parte do quarto. Ela caminha nas pontas do pé, embaraçada por estar naquela situação.
Coloca apresadamente a blusa e a calça ao mesmo tempo, quase tombando desajeitadamente. Irritada, para não causar um estrondo, ela se senta no chão e respira fundo, coloca a calça vagarosamente.
Mais calma e vestida, ela vai até o espelho do quarto e arruma o cabelo que esta todo embaraçado. “O que eu fui fazer?” “Rafael deve comer metade das mulheres dessa cidade, putz, e eu fui mais uma, como eu sou idiota!”
Ela pega sua bolsa, precisa sair dali, não pode ficar mais nenhum momento, sente que vai explodir de vergonha. Humilhação? Por que? Ela, afinal, não tinha vontade de dormir com ele? Não achou ele sempre atraente? Afinal o que fez de errado?!
“Não posso ir embora assim!” Ela fica parada, olhando para Rafael dormir profundamente. Não sabe o que fazer. Mas um momento de felicidade lhe surge, afinal aquele homem na sua frente é tão bonito! Sente-se orgulhosa por ter dormido com ele. Assume pra si mesma que sempre o quis.
Ela vai até a mesa e escreve um bilhete. Olha uma última vez pra Rafael e sai do apartamento, batendo a porta atrás de si.
Rafael acorda com o barulho, meio desnorteado. Percebe que algo esta faltando. Olha para seu corpo pelado e percebe que Mari não esta mais lá.
Dá um pulo da cama e instintivamente corre até a porta. Abre na esperança de ela ainda estar lá, mas não há ninguém. Ele está confuso.
Ele olha o bilhete na mesa: “Tive que ir, Mari”
— Droga — ele se senta desanimado.


Hi

Olá a todos, finalmente, após longas férias estamos de volta....
Com mais dos contos, ainda indefinidamente chamados!!!
Espero que ainda curtam novamente!

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