10.14.2003

20

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Mari sente uma claridade no seu rosto, uma sensação gostosa da manhã. Parece que não dorme bem assim há muito tempo, com sonhos tão bons.
Uma sensação de frescor, de liberdade, como se o lençol pudesse passar liso e macio por todo seu corpo...NÚ! Mari olha para debaixo do lençol e esta nua, com medo ela vira os olhos devagar para o outro lado da cama e percebe que não foi apenas um sonho bom.
Não está sozinha. Na cama, a seu lado, Rafael dorme tranqüilo, com um sorriso no cantinho dos lábios. Mari sente uma vergonha pesada! Não consegue mais se mexer.
De repente o mundo parece tão abafado, lhe falta ar! “O que fazer? O que fazer?” “E agora, o que irão pensar de mim?”.
Ela resolve se levantar. Faz um movimento brusco, mas se reprime, não deve fazer barulho, Rafael pode acordar.
Ela se gira vagarosamente no colchão e se arrasta até o chão, fazendo o mínimo de barulho possível. Rafael respira fundo, mas não acorda.
Ela procura silenciosamente sua roupa pelo chão, cada peça esta em uma parte do quarto. Ela caminha nas pontas do pé, embaraçada por estar naquela situação.
Coloca apresadamente a blusa e a calça ao mesmo tempo, quase tombando desajeitadamente. Irritada, para não causar um estrondo, ela se senta no chão e respira fundo, coloca a calça vagarosamente.
Mais calma e vestida, ela vai até o espelho do quarto e arruma o cabelo que esta todo embaraçado. “O que eu fui fazer?” “Rafael deve comer metade das mulheres dessa cidade, putz, e eu fui mais uma, como eu sou idiota!”
Ela pega sua bolsa, precisa sair dali, não pode ficar mais nenhum momento, sente que vai explodir de vergonha. Humilhação? Por que? Ela, afinal, não tinha vontade de dormir com ele? Não achou ele sempre atraente? Afinal o que fez de errado?!
“Não posso ir embora assim!” Ela fica parada, olhando para Rafael dormir profundamente. Não sabe o que fazer. Mas um momento de felicidade lhe surge, afinal aquele homem na sua frente é tão bonito! Sente-se orgulhosa por ter dormido com ele. Assume pra si mesma que sempre o quis.
Ela vai até a mesa e escreve um bilhete. Olha uma última vez pra Rafael e sai do apartamento, batendo a porta atrás de si.
Rafael acorda com o barulho, meio desnorteado. Percebe que algo esta faltando. Olha para seu corpo pelado e percebe que Mari não esta mais lá.
Dá um pulo da cama e instintivamente corre até a porta. Abre na esperança de ela ainda estar lá, mas não há ninguém. Ele está confuso.
Ele olha o bilhete na mesa: “Tive que ir, Mari”
— Droga — ele se senta desanimado.


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