1.15.2004

28

Eu corro, corro muito. Sinto que vou ser alcançada, a minha frente tem um morro, e eu posso cair, não, ai escorregueeeeei...
— ãh!! — acordo com o livro caído sobre mim. O telefone toca ao meu lado, estou confusa. Na janela o dia já não existe, mas eu me lembrava de ter começado a ler após o almoço.
— Atende ai!!!!! — alguém grita pra mim da sala. Deve ser o idiota grosso do meu irmão.
— Já atendi! Saco!!!! — ah...humor básico pós sono — Alô!
— Você tava dormindo?!?! Num acredito!!! — Mari grita no telefone — São dez da noite, eu e o Mauro estamos passando ai as onze!!!
— Como assim? O Mauro vai comigo de novo? As onze? Mas já são dez? Caramba!!!! — olho o relógio que marca dez horas em ponto, me assombro! — Tchau, tenho que me arrumar — desligo o telefone.
Mari põe o telefone no gancho e olha para Mauro desanimada.
— Ta atrasada, obvio! — ela pega a bolsa em cima da poltrona — Vamos indo que a gente apressa ela.
— Ok! — Mauro segue Mari que vai em direção a porta — Você manda.
Os dois vão andando em direção ao ponto de ônibus. Mari sempre na frente, andando rápido e Mauro correndo para acompanhá-la.
— Você sempre anda tão rápido assim? — Mauro pergunta já tomando ar.
— Não...— ela para e espera-o. Ele chega ao lado dela e ela retoma o passo. Eles param no ponto, só os dois.
Os dois ficam em pé parados, em silencio. Apenas o barulho do vento fica no ar. Um vazio desconfortável os perturba.
— Essa hora é meio perigoso, não? — Mauro olha pra Mari.
— É, um pouco — ela responde sem olhar pra ele.
— Bom que você ta com um homem, né? — Mauro coloca a mão no ombro de Mariana.
— Eu não tenho esse tipo de receio, to acostumada a pegar ônibus a essa hora — ela olha séria para ele e tira o braço dele de torno dela.
— Você ta bonita hoje — ele fica encarando-a.
Ela não quer olhar, mas o olhar insistente dele a incomoda.
— Você só pode estar brincando — ela olha ainda mais séria para ele.
— Não, to falando sério. Você nunca me pareceu tão atraente — ele a puxa para si e olha nos olhos dela. Ela engole seco. — Sei que você não costuma ficar com muitos garotos, deve ser uma menina séria, mas não precisa ter medo... — ele a chega mais para junto de si — Eu também sou um cara sério! — ele aproxima-se para beijá-la mas ela desvia.
— Olha! Nosso ônibus!!! — ela se desvencilha dele! “Salva pelo gongo”!

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