8.13.2003

14

Entro no meu carro junto com Mauro e sua loirinha, transformo-me na motorista deles, que ótimo. Rafael é o motorista do outro casal, Tati e Beto. Paro ao lado do carro dele e peço para que ele me siga.
Vejo Tânia ainda na porta da danceteria.
— Você não vem? — pergunto sem paciência.
— Agora não, daqui a pouco eu estou indo, ta? Preciso resolver aqui um negocio.
— Ta, então a gente se encontra lá na casa do Rafael — saio andando com o carro e Rafael me segue.
— Sem problemas — ela continua conversando com um rapaz na porta do local.
Ele parece um pouco nervoso.
— Eu juro que entreguei a comanda para você! Eu tenho certeza que eu paguei! — ela explica enrolando a língua um pouco na hora de falar.
— Mocinha, você não me entregou nada, sinto muito, não posso deixá-la passar — ele coloca a mão na frente da passagem dela.
— Mas eu tenho certeza que eu te entreguei a comanda! Olha aqui ó...— ela pega os papéis do bolso da calça e a comanda esta no meio do dinheiro amassado e alguns papéis.
— To vendo — ele responde sério.
— Nossa! Que isso ta fazendo aqui? — ela cai na risada. O rapaz não acha a menor graça — Bem aqui esta a sua comanda. Mas eu disse que eu tinha pagado! — ela entrega pra ele o papel com um carimbo de PAGO.
Cambaleando um pouco ela sai rindo em direção a barraquinha de cachorro quente.
— Essa discussão toda me deu uma fome! Preciso comer qualquer coisa!!!! — ela se senta mal equilibrada no banquinho — Tia! — ela chama a senhora que prepara os lanches.
— Que você vai querer? — a tia pergunta enquanto aperta a bisnaga de mostarda.
— O que você tem ai? — ela pergunta desconfiada.
— Eu tenho Dog, Dog completo e prensado.
— Que é que vem no completo?
— Tem o pão, a salsicha, ervilha, milho, vinagrete, batata e catupiry.
— Mas não tem purê?!— Taninha esta desconcertada.
— Num tem, minha filha! A essa hora o purê já acabou!
— Ah, mas Dog sem purê não é dog! — Tânia faz cara de choro.
— Que isso, fica gostoso assim também — a tia entrega um dog para o João que está sentado ao lado de Tânia.
— Humm, mas eu to com uma fome! Ah mais eu queria purê...
— Eu capricho no catupiry pra você, que você acha, vai?
— Ta bom, ta bom, então vê um completo ai, mas eu quero prensado, heim?
— Ta bom, minha filha. Ta bom — A moça começa a preparar o lanche e Tânia fica se balançando no banquinho. Olha pro lado e reconhece João.
— Que você ta fazendo aqui? Você não é o amigo do Beto?
— Eu to comendo um Dog também, tava com fome — ele responde tímido.
— Ai, que bom que tenho alguma companhia — ela sorri enquanto recebe o lanche das mãos da tia.
— Você não vai na casa do Rafael? – pergunta João.
— Não...— ela mastiga o lanche — Quer dizer...— mastiga mais um pouco — Vou daqui a pouco...— ela derruba um pouco de catupiry e ri com a boca cheia de migalha — Desculpa...
— Tudo bem — ele ri.
— E você, não vai? — ela limpa a boca com um guardanapo.
— Não, vou dormir, estou um pouco cansado, trabalhei muito hoje. Vou embora de táxi.
— Não...que Táxi, eu te dou uma carona! — ela pega o dinheiro todo amassado e paga a tia.
— Não, não precisa — ele ri sem graça.
— Não, vamo embora! — ela puxa ele que paga a tia as pressas.
Eles andam até o carro dela que está estacionado na rua. João esta um pouco assustado com o estado alcoólico de Tânia.
— Você não quer que eu dirija?
— Não se preocupa que eu sou melhor motorista bêbada do que sóbria...
— Imagino...
Eles entram no carro. Tânia derruba a cabeça sobre o encosto do banco e fecha os olhos. João fica calado sem saber o que fazer.
Depois de dois minutos parado, ele se aproxima dela pra ver se ela esta dormindo. Fica em dúvida chega mais perto e olha de frente pra ela, bem perto para sentir a respiração.
Ela abre os olhos, ele assusta e fica estático no mesmo lugar. Ela beija-o. Ele fica ainda mais estático.
— Que foi? — ela pergunta sem entender.
Ele não responde, apenas a puxa e beija.


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