8.22.2003

17

João está enfeitiçado. Sim, é como ele se sente. Há algo dentro dele que ele não sabe explicar, algo novo que não havia antes. Uma força que se move ali dentro e ele não consegue controlar.
Ele abre os olhos, olha para Tânia e segura o rosto dela. Ela se assusta e o olha, ele está sorrindo pra ela. Ela o puxa novamente para si e eles continuam a se beijar.
— Estou com calor — ele se desvencilha dela para tirar a camisa — Você se importa? — ele pergunta sem jeito — Eu não sei o que há comigo, mas preciso tirar essa camisa...
— Não tem o menor problema, eu também estou com calor — ela ri para ele e levanta sua blusa. Ele fica de olhos arregalados.
— Você, você...tem certeza? — ele fica atônito.
— To morrendo de calor! — ela joga a blusa longe, e ajuda ele a tirar a dele com pressa. Ele fica desesperado e entendendo o que ela esta pretendendo, começa a beijá-la.
Ela desabotoa a calça dele e ele toma um susto, mas logo coloca a mão dela de volta no botão, tenta desajeitadamente tirar a calça dela e ao mesmo tempo tenta beijá-la no pescoço...
TUM TUM TUM...TUM TUM TUM
— Que você ta fazendo agora?! — Tânia olha brava para ele.
— Eu? Eu nada...
TUM TUM TUM
— Ai, meu Deus! — ele olha para o lado e se assustam com alguém que bate no vidro do carro.
— Que isso?! — ele grita assustado.
Ela começa a rir sem parar.
Ele olha melhor e percebe que é um policial. Envergonhado ele abaixa o vidro com um sorriso amarelo.
— Boa noite! — o policial olha sério para ele — Que vocês pensam que estão fazendo ai?
— A gente tava namorando um pouco aqui — ele tenta sorrir para o guarda, mas este não modifica sua seriedade.
— Vocês não sabem que é perigoso ficar namorando na rua? Não sabem que essa hora ta cheio de ladrão por aqui?
— A gente sabe é que...
— Seu guarda? — Taninha coloca a cabeça para fora do carro — Você já teve a nossa idade...Sabe como é... — ela começa a rir.
— Me desculpa, seu guarda...— João tenta interrompê-la.
— Não, perai, ele sabe — ela interrompe João — Aposto que fazia a mesma coisa que a gente tava pra fazer...E esse menino aqui seu guarda...esse ta precisando, entende?
— Sei! — o guarda olha sério para João que esta roxo de vergonha — Vamos fazer o seguinte... O senhor pega a sua “namorada” e vai brincar em casa. Eu vou fingir que eu não vi os senhores aqui esta noite, esta bem assim?
— Está, está muito bem, seu guarda — João, apressadamente assume o volante e tenta calar Tânia que começa a rir.
Ele tenta sair rapidamente com o carro e Taninha fica na janela, gritando:
— O seu guarda também ta precisando?! Hahaha!
João sai com o carro todo envergonhado.

Meu carro esta bem cheio. Eu na frente e dois casais atrás. Fico um pouco mal humorada com a situação, mas não pretendo separar nenhum casal.
— Pra onde a gente vai? — pergunta Tati rindo com as cócegas que Beto faz nela.
— Não sei, o que vocês estão com vontade de comer? — pergunto já sem paciência.
— Eu queria tomar algo gelado...
— Nossa, você tá do lado da minha casa! — grita a loirinha do Mauro interrompendo Tati — Acho que vou aproveitar para ficar em casa.
— Mas você não quer comer alguma coisa? — pergunta Mauro enquanto eu já paro o carro.
— Não, não, pra mim já está bom por hoje — ela desce do carro e da um beijo rápido em Mauro. Corre para um prédio da esquina. Mauro parece desolado.
— Quer passar pra frente Mauro? — pergunto para ele enquanto paramos no sinal vermelho.
— Nossa! — ele exclama enquanto vai para o banco da frente — Aquele não é o João?! — olho para o carro parado do meu lado e vejo João ao lado da Taninha que não para de rir.
— Que você ta fazendo aqui? — pergunto surpresa.
— Eu... eu — olho pelo meu retrovisor e vejo um carro vindo, ele vem vindo rápido demais, paro de prestar atenção em João. O carro está vindo e o meu carro esta parado no sinal vermelho. Ele tem que perceber que estou aqui. Mas o carro continua, continua, ele começa a brecar muito em cima e vem vindo, vindo e...Brick.
— Meu farol! — saio gritando do carro.

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