8.23.2003

18

— Ah! — Mari acorda assustada, como se tivesse escutado o barulho de algo se quebrando. Ela abre os olhos e percebe que esta num lugar estranho. Olha para o lado e vê ainda meio embaçado Rafael mastigando alguma coisa.
Ela se levanta e sente uma pontada aguda na cabeça. Rafael não percebe sua movimentação, apenas continua comendo pipocas atento ao filme. Ela olha em volta e tudo está escuro, não há mais ninguém ali com eles.
Ela esta tentando entender quando se dá conta “Droga, como vou voltar para casa agora?”.
Rafael percebe que ela acordou e oferece pipocas, ela faz uma cara de sofrimento.
— É, vinho é triste! — ele da risada comendo as pipocas.
— Nossa, mas eu ainda estou zonza — Mari se sente soltinha.
— Pelo visto o vinho ainda ta no sangue — ele oferece novamente a pipoca — Come ai que é melhor, você bebeu de estômago vazio.
— Nossa, não acredito que me deixaram aqui! Como eu vou pra casa agora?! — Mari come uma pipoca e faz cara de enjôo.
— Não se preocupe, eles só foram comer, já voltam — Rafael tenta acalmá-la.
— Ah mais sei lá, eu ficar aqui, te incomodando — Mari fala sem graça.
— Me incomodando? Que isso! — Rafael da uma risada alta — Fica tranqüila! Parece até que não somos amigos!
Mari ri sem jeito “Como se realmente nos falássemos...”.
— Esse filme esta muito mala, por que a gente não vai pro terraço e fica trocando idéia? — Rafael apaga a TV, deixa a pipoca de lado e puxa Mari pela mão até o terraço — Fica tranqüila, daqui a pouco eles voltam. Eu não mordo não — ele sorri pra ela e ela fica sem jeito.
Eles se sentam de frente para a varanda, a cidade parece menor daquela janela. Mariana sente uma tonturinha gostosa, o vinho fazendo efeito e esta se sentindo tão confortável ali, naquela varanda.
— Você não é de falar muito, é? — Rafael a olha achando graça.
— Ai, desculpa, eu sou um pouco tímida. Quando pego intimidade me solto mais... — ela sorri sem jeito.
— Você pode não acreditar, mas eu também sou um cara tímido — ele olha pra frente e depois pra ela sério. Ela começa a rir alto — Que foi?! É sério!
— Você?! Tímido?!— ela continua rindo.
— Você pode não acreditar mas sou tímido sim. É que eu tenho sorte, tenho facilidade com as pessoas, mas morro de vergonha logo quando conheço alguém — ele fala sincero olhando nos olhos dela.
— Nossa, nunca ia dizer isso. Você tem vários amigos e todas as meninas estão sempre atrás de você — ela fala meio sem graça.
— Isso é outro tipo de sorte também, mas as vezes eu... sei lá, não vou reclamar, né? — ele ri olhando para frente.
— Engraçado essas coisas quem você nem imagina...
— É mais eu morro de vergonha. Mas sabe o que mais me trava? Ter que fazer algo em cima de palco, fico aterrorizado!
— Você também?! — ela olha pra ele surpresa.
— Uma vez fomos fazer um show e eu fui de vocalista...
— Nossa! — ela já começou a rir.
— Não, escuta, isso! Eu fiquei tão travado, que tiveram que me dar um porre.
— E ai? — ela pergunta ansiosa.
— Nossa, e ai que eu tomei tanta caipirinha que acabei vomitando em cima do palco!
— Não! — ela faz uma cara de nojo e pena ao mesmo tempo.
— Eu sou muito fraco para bebida — ele assume
— Bom, não preciso nem falar nada quanto a mim, né? — eles começam a rir um do outro.
— Mas você bebeu vinho, vinho é uma bebida chique!
— Boa desculpa para ficar chapada, hahaha.
— É, ficar chapado com pinga é deprimente, mas de vinho...
— Ah, claro... — Mari percebe que esta se sentindo extremamente a vontade.
— Minha pior bebedeira foi de vinho, nossa, fiquei um dia inteiro com o quarto girando, foi horrível!
— Tenho que confessar que já fiquei de porre também, e pior foi de cuba libre, argh! Não consigo nem sentir o cheiro disso! — eles continuam rindo.
Eles ficam em silêncio se olhando alegres. Mari começa a ficar tensa.
— Nossa, que horas são? — ela vê que já se passou mais de uma hora.
— Calma, eles vão voltar, não se preocupe — Rafael tenta acalmá-la.
— Eu estou calma, eu preciso ir ao banheiro — ela se levanta e ele se levanta para mostrar aonde é. Ela segue até lá.
Um tempo depois ela sai do banheiro e não acha Rafael. Procura pela casa e o acha no seu quarto pegando umas fotos.
— Estava te procurando — ela sorri sem jeito quando ele a surpreende na porta do quarto.
— Vem ver essas fotos, lembra dessa viagem? — ela se senta ao lado dele e começa a rir daquela foto antiga.
— Nossa, estou péssima nessa foto, que horror!
Ele se vira pra ela achando graça no jeito dela e fica parado observando.
— Que foi? — ela fica sem jeito.
Ele vira um beijo nela.

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