3.03.2004

37

João está desolado num canto escuro da boate. Ele tem os olhos pregados de sono e um desânimo constrangedor.
Ele está sentado ao lado de Taninha, que beija ardentemente Tonho. Do outro lado pode ver o esfrega dos três amigos e ainda mais ao longe enxerga a famigerada Bruninha dando muitos beijos em um gordinho suado, na pista de dança.
Sente-se o último dos homens.
Um rapazola, um tanto magrelo para sua camisa extra apertada senta-se ao lado de João. Ele sabe muito bem o que é aquele menino., pensando.
O menino se encosta na parede e o fica encarando.
João não gosta, mas não esta com vontade de se levantar.
O rapazola passa a suspirar olhando-o. João não consegue evitar o olhar, a maneira de respirar dele o incomoda.
— Oi! — o menino sorri para ele.
— Oi... — João responde mal humorado.
— Tava te olhando lá de longe...Você pareceu meio triste...Ta tudo bem com você? — o rapaz o olha de cima a baixo.
— Ta tudo ótimo — João se sente irritado e vira a cara para o rapazola.
— Que isso, não vai ser sincero comigo? — o novo amigo o toca no ombro. João sente arrepiar todo o corpo e fica vermelho no rosto de ódio.
— Eu estou bem, pode me deixar em paz, por favor? — João tenta ser educado.
— Eu sei uma maneira de te fazer se sentir muiiiiito melhor! — ele ri para João e toca de novo no ombro dele.
— Escuta aqui! Não toca em mim! — João empurra a mão dele.
— Que isso? Não fica nervoso, não... — ele olha rindo para João, que bufa de nervoso — Tenho certeza que se você experimentar vai gostar... — o rapaz arrasta a mão para a coxa de João, que se desvia.
— Eu não curto homem, cara! — João se levanta bruscamente.
— Não precisa ficar bravinho! Eu sei reconhecer uma bicha de longe! — ele mede João de cima a baixo — E você, querido, não passa de uma enrustida! — o rapazola faz menção de pegar nas partes intimas de João, que num salto desvia-se.
— P.Q.P! Seu bicha de merda! Eu vou te meter porrada! — João segura o rapazola, todo fraco e raquítico pela gola da camisa.
— Calma lá! — o rapaz segura a mão de João com calma e esmaga os dedos dele, fazendo-o soltar sua gola. Ele respira fundo, olha pro lado e de supetão, mete um murro na boca de João, que cospe sangue — Não gosto de bicha folgada, seu moleque!
João limpa o sangue da boca, caído no chão.
Tânia que vê tudo ao longe corre para acudi-lo. Uma multidão faz uma volta ao redor dos dois. Chegam dois seguranças, mas a briga esta finda, João não faz menção de se mover contra o rapazola.
— Foi ele quem bateu no João — grita Tânia apontando o rapaz.
— É verdade, eu também vi — ajuda Tonho.
— Vamos conversar lá fora, o mocinha! — o segurança pega o rapazola pelos braços, que se debate revoltado e gritando, e se dirige para a saída.
Tonho ajuda João a se levantar. Tânia pedindo licença para Tonho leva João para o bar e pede gelo. Com um guardanapo ela limpa a boca inchada de João que fica olhando-a apaixonado.
— Tâninha...— ele fala com dificuldade — Quero te..pedir desculpas...eu fui um cretino...não vi a pessoa maravilhosa que você é — ele faz careta de dor.
— Obrigada, mas não faça esforço pra falar. Olha, ponha esse gelo aqui, que vai melhorar — ela da o gelo pra ele.
— Se eu ...pudesse voltar atrás... — ele tem um olhar de piedade para ela.
— João, outra hora a gente conversa, o Tonho esta me esperando — Tânia olha com dó para ele e segue em direção a Tonho que a recebe com um grande beijo.

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