7.28.2005

44

Taninha chora compulsivamente sentada no chão do quarto. Seus pais tentam falar com ela, mas ela não responde de maneira coerente.
- Minha filha, foi só um pesadelo! Por que você esta nessa aflição? - sua mãe acaricia seus cabelos.
- Você fez alguma coisa errada, foi isso?! - o pai esta mais nervoso.
- Não....snif...não! - Tânia tenta se defender mas não consegue falar.
- Não tem coisa melhor do que um chá de camomila nessas horas. Deixa a gente calminha... - a mãe de Tânia levanta-a do chão com a ajuda de seu pai.
Tânia continua chorando baixinho.
- O que foi? Conta pra mãe! - ela acaricia o cabelo da filha insistentemente.
- Não foi nada. Eu apenas sonhei algo ruim - Tânia não encara os pais.
- Mas o que foi que você sonhou? - pergunta a mãe servindo o chá.
- Eu sonhei que eu tinha morrido - a mãe de Tânia deixa a xícara de chá espatifar-se no chão.

No carro, João parece inquieto.
- João quer parar de bater o pé no chão, ta me irritando - reclamo com ele, quando o trânsito é o que me irrita na verdade.
- Desculpa...- ele olha para o lado - Mas é que... - ele se vira pra mim e depois desvira - Deixa quieto.
- O que diabos você quer saber? Por favor! - olho pra ele nervosa.
- Sabe? Você já gostou de alguém...
- Claro que já gostei - interrompo - De quem você ta gostando?
- Não, não é isso. É...você já perdoou alguém porque gostava? Entendeu? - ele parece meio tímido e confuso.
- Não to entendendo não. Com quem você fez besteira? Quem foi a felizarda? - olho pra ele desconfiada.
- Só me responde o que perguntei, por favor - ele parece chateado.
- Ta bom...Se você quer realmente saber - olho-o com desprezo - Eu já perdoei centenas de idiotas como você, que sempre fazem asneira na hora em que, infelizmente, já estamos apaixonadas. E que acabam com você e sua alto estima. Quando você gosta de um cara às vezes você fica meio débil. Você deixa que ele pise em você, até o ponto que você se desenfeitiça e manda ele para aquele lugar.
- Entendi. - ele fica em silêncio.
- Nada de entendi, não! Quero saber o que você ta caraminholando ai - sorrio pra ele - Quer um conselho? Se você gosta da Tânia luta por ela. Mas cuidado, porque o Tonho é muito gato! - olho pra ele e dou uma piscadinha. Ele me encara com os olhos arregalados.
Chegamos no hospital. Estaciono o carro e pegamos o elevador. João me olha ainda infeliz.
- João, não há nada que você possa fazer... a não ser perguntar pra ela.
- Eu sei...eu esperava que você me desse coragem.
- Hahahaha, isso é uma coisa que esta fora do meu alcance. Mas larga mão de ser bundão! Vai a luta enquanto é tempo.
O elevador abre num corredor comprido, que quase não conseguimos ver aonde termina. Em direção a nós, vemos Tati e Beto, que anda com a ajuda de duas muletas. Tati acaricia os cabelos dele e ele tem uma cara enrugada de ódio.
- Betoooo! - corro em direção aos dois - O que aconteceu, meu Deus!
- Calma já ta tudo resolvido - acalma Tati acariciando o namorado.
- Ta resolvido coisa nenhuma! Vou pegar aquele filho de uma...E ele ta ferrado na minha mão - grita Beto valente.
- Quem é esse condenado?! - pergunto aflita.
- Para com isso, Beto. Temos sorte de ter escapado com vida - Tati fica com os olhos cheios de lágrimas.
- Não fala besteira. Você ta maluca que eu não vou fazer de tudo pra polícia pegar esse bandido! - Beto esta enfurecido.
- Chega de tanta emoção! - a enfermeira ajuda Beto a andar - Você esta em fase de recuperação. Não deve se exaltar dessa maneira. Lembre-se, fique em casa e em repouso - ela aperta o botão do elevador e se despede.
Todos se entreolham com risinhos. Beto olha para frente em silêncio.

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