8.04.2005

48

Rafa esta sentado à mesa na casa de Mari. Todos olham para ele curiosos. Ele não se sente à vontade. A avó de Mari coloca a terceira colherada de macarrão no prato e ele só pensa que não vai conseguir comer tudo aquilo.
Mari também esta sem graça, ela brinca com a massa no prato, olhando de vez em quando para Rafa com um meio sorriso formado no rosto.
- Como é seu nome mesmo, meu filho? - pergunta a avó de Mariana.
- É Rafael - ele responde sem jeito, colocando mais macarrão na boca.
- Bonito nome - elogia a mãe de Mari.
- Obrigada - agradece Rafa, colocando o guardanapo em frente da boca cheia de comida.
- Você faz o que da vida, Rafael, né? - pergunta o pai de Mari.
- Paiii! - Mari faz careta para o pai, repreendendo-o
- O que tem, quero saber quem é o seu "amigo". - o pai se volta para Rafa que está vermelho - E então? O que você faz mesmo?
- É... eu sou estudante ainda. Não faço nada de importante - Rafa olha para seu prato envergolhado.
- Mais um pouco, meu filho - pergunta a avó de Mari enchendo mais uma colher de massa.
- Não, obrigada - responde prontamente Rafa, afastando o prato.
- Vó, o Rafa não comeu nem metade do prato ainda - Mari começa a ficar impaciente com sua família.
- Mas você estuda o que? - pergunta o pai, Mari coloca as mãos sobre o rosto.
- Publicidade - responde Rafael.
- Que legal, né, Mari - a mãe olha sorridente para a filha, que esta roxa de vergonha - Uma ótima área.
- É uma área com dificuldade de emprego, não? - o pai de Mari pergunta sério.
- É... - Rafa não sabe o que responder.
- Pai, o senhor estudou Ciências Sociais, que é mais difícil que publicidade para arrumar emprego, e arrumou, certo? - Mariana corta o assunto - Mas mudemos de assunto, né? Esta uma delicia o macarrão, Vó!
- Obrigada, minha filha, eu usei bastante manjericão...
- Uma delícia mesmo - completou Rafa aliviado.
- Sobremesa, né? - a mãe de Mari levantou-se, mas o marido a impediu e levantou-se ele para buscar o prato. - Não liga, não, viu Rafa. Ele é um pouco chato às vezes - ela sorriu para Rafael, que se sentiu aliviado.
Uma tigela grande foi posta à mesa. Todos olharam ansiosos para o doce.
- O que é isso, mãe? - perguntou o pai.
- Tiramissu - falou orgulhosa a senhora.
- Adoro - respondeu Rafael empolgado. Percebeu que tinha sido inconveniente e começou a rir baixinho. Mari riu dele também e de repente toda a mesa estava rindo. Rafa finalmente conseguiu respirar tranqüilo.

O telefone toca alto, ninguém vai atender, penso comigo. Levanto cambaleando e vou até a sala vazia.
- Alô - atendo com voz de sono.
- Preciso falar com você - uma voz séria.
- Quem? Ham?
- Eu preciso falar com você, eu to muito mal.
- Tati é você? - pergunto sem entender.
- Sim, posso passar ai? - a voz esta bastante baixa.
- Não, eu passo ai na sua casa, quer? - me ofereço preocupada.
- Não prefiro passar ai, posso? - ela insiste.
- Tudo bem.
Estou assustada, será que algo de ruim aconteceu com o Beto? Será que alguém se machucou? Estou bastante preocupada agora.
Vou até a cozinha, preparo café. Coloco na xícara, quando vou degustar o telefone toca de novo.
- Alô.
- Preciso falar com você - uma voz masculina.
- Quem é?
- É o Beto. Aconteceu uma coisa ruim - ele esta sério, quase não reconheço sua voz.
- To sabendo, só não sei o que é - respondo mais confusa ainda.
- Eu e a Tati brigamos.
- Vocês brigaram? - fico alarmada.
- Sim, briga feia. Posso ir ai? - ele é frio.
- É...acho melhor não... - gaguejo.
- Por que não? - ele parece incomodado.
- Humm... agora é uma hora ruim. - penso numa desculpa, mas nada me vem a mente.
- Você esta com alguém? - ele pergunta com ironia
- Não, não é isso. - devia ter falado que sim, droga...
- O que é então? Quem ta ai? O que você vai fazer? Eu preciso falar com você - ele parece agitado.
- Olha a Tati ta vindo pra cá, ok? - odeio mentir, estou nervosa com toda essa situação.
- Ela ta indo para ai? Como assim? Ela já saiu falando, né? - ele fica nervoso.
- Não, ela não me disse o que queria falar, foi você quem adiantou o assunto. - tentou amenizar a situação.
- Não acredito que ela vai falar mal de mim - Beto se altera.
- Eu não sei o que ela vai falar - fico nervosa também.
- Eu vou ai! - Beto esta furioso.
- Não... - escuto o telefone desligar. Droga, vai sobrar pra mim.

Comments: Postar um comentário



<< Home

This page is powered by Blogger. Isn't yours?