8.12.2005

51

João resolveu que seria romântico. Era a única maneira de obter as desculpas de Tânia. Além de ser um idiota, além de ter feito tudo errado, além de tratar mal a pessoa que tinha sido mais gentil com ele, ele ainda tinha desligado o telefone na cara dela. O que Taninha pensaria dele?
Precisava saber a que ponto ele poderia ser romântico, até onde ele poderia ir por alguém que amava? Quem poderia lhe dar as respostas?
Alguém já conquistada. Alguém que já entregara seu amor a um pretendente. Sim, alguém que com a experiência escolheu um homem por algum motivo, essa seria a pessoa certa. Sua mãe.
Seria fácil, uma mulher amada por um homem, uma mulher que aceitara se casar e ter os filhos do homem que a escolheu e que ela escolheu, em retorno. Sua mãe saberia lhe dizer como fora conquistada por seu pai e quais as coisas românticas que uma mulher gostaria de ouvir.
Ele foi até a sala onde seus pais assistiam TV. A mãe de João tricotava algo sem olhar para as mãos, olhos fixos no filme. Ele se sentou ao lado da mãe e ficou encarando-a por algum tempo, até que ela se virou para vê-lo ali.
- Oi filho, tudo bem? - ela da palmadinhas na perna dele e continuou assistindo ao filme e tricotando.
- Eu queria falar uma coisa importante com você - ele coloca a mão sobre a mão de sua mãe, para chamá-la.
- Eu to escutando filho, pode falar - ela continua assistindo a TV e movimentando rapidamente as mãos.
- Mãe, eu preciso da sua atenção, é importante... - ela continua abanando a cabeça afirmativamente, mas sem tirar os olhos da tela - É sobre uma menina, mãe.
- Aaaa - ela vira-se rapidamente. Já acreditava que seu filho seria um forte candidato a solteirão, tanta timidez - Sou toda ouvidos. No que eu posso ajudar?
- Eu estou gostando de uma menina, uma amiga - ele sorri sem jeito pra mãe, que não se altera - Eu preciso fazer algo para conquistá-la, queria que você dissesse o que o pai fez pra que você se casasse com ele.
- Beeem...a a mãe de João ficou sem graça, ela não sabe o que responder, afinal ela havia se casado porque estava grávida, e o pai de João não tinha sido nem um pouco romântico, casamento simples, lua de mel no interior, vida medíocre. - Querido, não me lembro direito dessas coisas. Acho que seu pai se ajoelhou em algum restaurante da moda e me pediu em casamento - ela sorri sem graça e o pai de João olha dando um sorriso irônico para a esposa.
- Ah mas pensa em algo romântico que o pai fez pra você nos últimos tempos - ele sorri para a mãe que fica sem jeito de novo. A última vez que tinha saído com o marido, ele a levará no forró da vila e terminaram num motel de quinta, ela havia gostado, mas não tinha coragem de revelar isso ao filho.
- Bem, querido, seu pai uma vez me deu flores, foi bem bonito - ela sorri sem jeito. Enquanto o marido levanta dando risada e vai para o banheiro com um jornal nas mãos.
- Será que ela gostaria de ganhar flores? - ele se entusiasma com a idéia - Mas será suficiente?
- Claro que é - ela olha para seu filho e suspira - com certeza ela não deve ser uma menina tão exigente assim, certo? - ela acaricia os cabelos do filho e volta a tricotar. Olha a TV, mas seu pensamento estava no motel de quinta, vai sugerir ao marido um repeteco do programa.

Acordo babando no sofá. Assustada, vou olhar as horas e já se passaram quatro horas que a Tati deveria ter chegado na minha casa. Ninguém chegou e é sábado, dia de balada, ninguém vai me ligar?
Percebo que deveria estar preocupada, preciso ligar para a Tati e para o Beto, preciso saber o que esta acontecendo. Ligo e ambos os telefones estão desligados. Sento mal humorada no sofá e pego o controle da TV. Acendo a tela e o telefone toca.
- Alô - respondo animada.
- Oi!Quero ir para a balada!!!
- Mauro? Ah não meu, eu não vou com você! ?-respondo já desanimada.
- Por que? - ele parece bravo.
- Por que? Você só da escândalo, vai de putaria à brigas. To tranqüila desse tipo de confusão pro meu lado - fico clicando nos canais de TV enquanto falo com Mauro.
- Acho que você ta tentando defender o seu namoradinho barman - ele responde em tom jocoso.
- Eu acho que você esta sendo babaca, aposto que eu tenho razão - continuo a discussão sem vontade.
- Não sei porque você fica com esse idiota, o cara limpa o chão da balada que você paga pra entrar - ele ri.
- Você ta sendo idiota assim, só porque apanhou, né? Ta humilhado - acuso.
- Olha isso não tem nada haver. Ele é um idiota e você sabe disso. Você deveria experimentar do papai aqui, não sei porque você nunca quis...
- Eeeee nem vem pra cima de mim com esse seu charminho que eu sou vacinada contra Mauros - dou risada e ele também do outro lado da linha - Vamos nos encontrar na balada hoje não quero beber antes de ir, ok?
- Ok, nós nos vemos lá. Mas eu ainda acho que um dia você vai provar um pouquinho de mim, hehehe. Beijos.
- Beijos

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