8.18.2009
Il y a
E há tudo aquilo que queremos...
E há tudo aquilo que queríamos e deixamos para trás
E ainda há tudo aquilo que não deixamos de querer.
E há tudo aquilo que queríamos e deixamos para trás
E ainda há tudo aquilo que não deixamos de querer.
7.22.2009
As traças
Enrolada na toalha, passa rapidamente, quase que fugida, por frente ao espelho. Uma leva olhadela, curiosidade que procura evitar, sem desacelerar o passo.
Algo a detém. Ela apalpa o braço, cutuca uma mancha avermelhada que vê pelo espelho. Um pelo encravado, aperta para expremê-lo, mas tem dificuldade. Concentrada e determinada, perde a firmeza com que os sovacos seguram o pano. Ao escorregar, a toalha revela a nudez. É assustador!
A pele mole desagrada, lembrança vaga de um corpo que já foi um todo e que agora é apenas restos de uma vida. Toca o seio murcho, os olhos cerram, memória de um arrepio, que uma vez experimentado, foi tantas vezes desejado. De uma sensação que não se sabe mais se ainda mora ali.
Desce a mão pela barriga enrugada, puxa a pele que um dia delineou uma cintura fina, comentada por todos os amantes. Embaraçada, porém desejosa, toca os fios já brancos e lembra de uma mãe que já faleceu há muitos anos, e que dizia ser proibido.
Sem perceber, geme. Horrorizada, desperta, vê-se no espelho se portando como uma menina. Costrange-se. Censura-se. É patético. O corpo lhe bate na cara. Sua velha!
Cala o choro, e coloca a camisola gelada sobre o amontoado de carne. Deita na cama que cheira a lavanda, presente de natal dos netos. Fecha os olhos. Nos sonhos ela pode ser apenas mulher.
Algo a detém. Ela apalpa o braço, cutuca uma mancha avermelhada que vê pelo espelho. Um pelo encravado, aperta para expremê-lo, mas tem dificuldade. Concentrada e determinada, perde a firmeza com que os sovacos seguram o pano. Ao escorregar, a toalha revela a nudez. É assustador!
A pele mole desagrada, lembrança vaga de um corpo que já foi um todo e que agora é apenas restos de uma vida. Toca o seio murcho, os olhos cerram, memória de um arrepio, que uma vez experimentado, foi tantas vezes desejado. De uma sensação que não se sabe mais se ainda mora ali.
Desce a mão pela barriga enrugada, puxa a pele que um dia delineou uma cintura fina, comentada por todos os amantes. Embaraçada, porém desejosa, toca os fios já brancos e lembra de uma mãe que já faleceu há muitos anos, e que dizia ser proibido.
Sem perceber, geme. Horrorizada, desperta, vê-se no espelho se portando como uma menina. Costrange-se. Censura-se. É patético. O corpo lhe bate na cara. Sua velha!
Cala o choro, e coloca a camisola gelada sobre o amontoado de carne. Deita na cama que cheira a lavanda, presente de natal dos netos. Fecha os olhos. Nos sonhos ela pode ser apenas mulher.
3.17.2009
Os últimos...57 até 62
Para um leitor insistente...
Um presente para mais um ano de existência.
para lembrar: http://pavedelimao.blogspot.com/2006_07_01_archive.html junho 2006
57
Cabeça erguida, peito para a frente, vestido curto e salto alto. Fiu...fiu! Tati entra deslumbrante na balada. A mais nova solteira do pedaço chega pronta para a caça. E parece que as iscas estão interessadas, afinal, tem um monte de caras olhando para ela.
- Nossa Tati, o que aconteceu? – Tânia exclama e Tonho, ao lado, concorda medindo Tati de cima a baixo.
- Ué. Nada – Tati se faz de desentendida.
- Nada, coisa nenhuma! Você ta ai toda arrumada, não é a toa – olho para ela desconfiada.
- Por que? Vocês estão insinuando que eu nunca me arrumo? – Tati se faz de ofendida.
- Não... – todos se olham sem jeito – Não é isso...
- Ah Tati, você quando namora acaba desencanando de algumas coisas como estética e requinte... isso é normal, todo mundo faz isso – digo sinceramente.
- Também não é assim! – Tati se ofende de verdade – Não é porque eu não faço escova no cabelo todo o dia, que não me preocupo. Olha ai, to num bom peso... pele boa... – Tati apalpa discretamente um pneuzinho na cintura e dá de ombros – Bom vou dançar que eu ganho mais.
Ela se dirige para a pista onde um rapaz loiro já se aproxima e começa a conversar com ela. Ela fica tímida, sem saber muito como agir, o que entrega que esta fora de forma para as paqueras da balada.
Ao lado João se despede da menina de olhos claros com um beijo apertado e vai em direção ao bar. Paro a seu lado e o observo. Ele pede um drink e me olha sorridente, mal posso reconhecê-lo.
- Oi – ele me abraça e eu estranho.
- Oi, acho que você esta meio diferente. Você fez alguma coisa? – fico olhando-o tentando entender.
- Não... – ele sorri orgulhoso e sai andando. Entendo de súbito... Ele tem algo novo sim. Auto estima. Nunca havia visto isso nele antes e não é que fica bem nele?
Enquanto filosofo sobre a auto estima de João, o motivo da minha falta de auto estima me cutuca por trás do balcão. Enquanto me viro para olhar Tony, sinto o estômago embrulhar.
- Como você esta? – ele sorri mostrando todos os dentes. Eu mal consigo falar, apenas sorrio amarelo, sem forças. – Eu já estou sentindo saudades – Ele me toca.
Acho aquilo tão estranho de ouvir, Tony tentando ser romântico parece até falso. A náusea aumenta e preciso sair correndo para o banheiro. Sem entender ele ainda me chama de longe, mas não posso parar. Chego correndo e furo a fila do banheiro gritando que estou passando mal. Abro desesperada a tampa da privada e faço menção de vomitar, mas nada sai de dentro de mim. Tento forçar, mas ainda assim, nada. O enjôo continua, mas percebo que não estou passando mal de verdade. É nervosismo.
Lavo o rosto na pia, olho para mim mesma no espelho e seguro o soluço que quer passar por minha garganta. O que esta de errado comigo? Respiro fundo e resolvo que não há porque me desesperar. Recomponho-me e saio pela porta do banheiro, mas Tony me espera do lado de fora.
Tento me desvencilhar, mas ele me abraça, sinto um misto de tontura e embriaguez. O cheiro de perfume que eu tanto gosto entra pelo meu nariz e eu me sinto protegida, mesmo não querendo estar ali, com ele. A sensação ruim se esvai, entendo que o problema sou eu, não Tony. Eu estou carente, eu talvez goste dele. Mas ele representa tudo que eu não deveria querer para mim. Não demos certo na cama, ele é canalha, não há nada que eu admire nele. Porém tem algo em mim que precisa dele. Deixo-me envolver pelos braços fortes dele e estou entregue mais uma vez.
João passa por nós, a tiracolo uma menina, mas já não é a mesma de antes.
58
Rafael procura por todo o lugar, não consegue achar a namorada. Vê João ao lado, vai lhe perguntar se viu Mari, porém se detém, quando percebe que ele esta no meio de um xaveco. Não demoram nem dois minutos para que ele beije a ruiva mais alta que ele.
- É, quem diria, o João – Tânia comenta com Rafa, abismada – Ele me deu flores hoje antes de vir para cá e agora esta assim.
- Ele te deu flores? – pergunta Tonho em tom de chacota.
- Sim, foi muito gentil, quis se desculpar – Tânia responde emburrada.
- O minha querida – Tonho enlaça Tânia – Que homem não quereria dar flores para você?
- Gente, mudando de assunto. Vocês virão a Mari, ela sumiu de repente... – Rafa pergunta preocupado.
- Não, não vi – responde Tonho tomando um gole de cerveja e dando a garrafa para Tânia.
Taninha faz careta ao olhar a garrafa, mas depois de pensar um pouco pega a bebida e da um gole. Seu rosto se ilumina de prazer. Pede que Tonho espere um pouco e vai até o bar onde pega uma cerveja para si. Os dois se abraçam e vão para a pista de dança.
Fico sentada durante alguns minutos olhando para o nada, J se senta a meu lado, mas não percebo.
- O que você tem? – ele encosta a mão no meu braço e eu me assusto, distraída.
- Ah?! Ah Nossa, J, que susto – coloco a mão no peito para sentir a aceleração do coração.
- Hahaha, calma – ele ri divertido – Só queria ver se você esta bem. Vi você sentada ai, olhando para o nada, um tempão.
- Ah – dou um sorriso envergonhado – Eu estava pensando na morte da bezerra.
- Entendo... Mas esta tudo bem com você?
- Sim, sim. – tento sorrir – Não...
- Eu imaginei – ele me olha preocupado – Quer conversar sobre o assunto.
- Na verdade não – sou sincera – Acho que não quero.
- Bom, você sabe que se precisar eu estou aqui – ele segura minha mão, me assusto.
- Ah..ok, obrigada – fico sem jeito
- Oi – Tony chega de repente e me puxa para si.
- E ai, cara? – J cumprimenta e desconfortável sai.
- Tudo bem? – Tony me abraça
– Tudo certo, sim – respondo beijando-o.
- Só passei para dar um oi, preciso voltar para o bar – Tony me deixa ali. Fico sem entender, seria aquilo uma cena de ciúmes?
Mari passa por mim, esquisita, com um drink na mão. A cutuco e ela abre um sorriso enorme. Parece ter alguma coisa errada em sua boca, pois não para de passar a língua sobre os lábios.
- Você esta bem? – estranho, ela parece ansiosa.
- Eu estou, estou ótima – ela fala acelerada – O Rafa, mal veio, COMIGO, já esta com outra, mas eu estou perfeita. Na verdade é até engraçado. Veja só, eu sempre achei bizarro você ficar aos beijos com aquele barman, que eu mesma já vi transar com umas três meninas no banheiro...
- Mari! – não sei se fico ofendida ou chateada.
- ...Não, mas espera, pelo menos quando ele esta com você, ele está com você!
- Nossa Mari, que aconteceu? – Tânia chega vendo Mari eufórica e minha cara de atônita.
- Nada, eu to bem! Eu tava meio devagar... por causa da maconha. Agora eu tomei um drink duplo ali, que o tal do ...como chama seu barman galinha mesmo?? – Mari olha para mim esperando uma resposta.
- Mari, eu vou te mandar para aquele lugar, quem você...
- Calma, ela misturou as coisas, você sabe como ela é fraca, deve ter dado um revertério... – Taninha tenta acalmar a situação.
- É, Taninha, eu realmente não agüento beber a noite toda que nem você... – Mari ri olhando para o chão.
- Mari... – Tânia olha para mim e apenas sorrio em silêncio.
- Não, mas como eu dizia, é engraçado, porque você bebe até cair e ainda assim tem um cara mó gato ali do seu lado! Já eu...
- Mariana! – Taninha se enfeza – Eu não bebo tanto assim – Tânia olha para a garrafa em sua mão e disfarça.
- Vocês tem razão, eu sou uma fracassada. Como é que eu fui achar que o Rafael ia olhar pra mim... – Mari faz cara de choro. Quero ter pena,mas minha vontade é de estrangulá-la – Até o irmão dele me falou que ele não gosta de mim.
O som da pista de dança para, de repente, e todos olham para o Dj.
- Gente! O negócio é o seguinte – J fala alto – Tem um amigo aqui que tem uma coisa muito importante pra falar!
Rafael esta ao lado do Dj na pick-up e pega o microfone da mão de J. Ele parece um pouco nervoso.
- Oi...é da para ouvir? – ele da um sorriso meio sem graça e um pessoal começa a gritar, “vai logo!” – É o seguinte, eu queria fazer uma declaração aqui! Eu queria dizer que eu to muito feliz...na verdade é uma proposta...
- Vai cara!!! – um grupinho começa a aplaudir na frente da pista.
- Calma gente, é que eu queria dizer para a Mari, se ela estiver me ouvindo... – ele procura entre as cabecinhas, mas não vê Mariana - Que ela é especial cara...e que eu queria que todo mundo soubesse que eu quero que ela seja minha namorada.
- Aeeeeeeee! – a pista toda começa a gritar e aplaudir. Rafael esta vermelho.
Gabriel, que entra nesse momento na danceteria, olha descrente para o papelão do irmão. Não pode mais com aquilo, se afasta.
Mari fica lisonjeada e sobe correndo para o palco junto com Rafael e o Dj, enquanto eu e Tânia olhamos, embasbacadas. Aquela cena tão cafona e romântica, ao mesmo tempo. Mari já em cima da pick up da um beijo ardente em Rafa e grita no microfone “SIM!!!!”
O pessoal vai ao delírio, J morre de rir e Mari entusiasmada se joga em cima da platéia, que a segura em êxtase. Rafa fica sem palavras...anota mentalmente: “nunca mais dar maconha para Mari”.
59
João passa com a quarta menina da noite, Mauro, fica revoltado ao ver a troca em menos de dez minutos. Curioso ele se aproxima da ruiva que estava anteriormente com João e que aparenta não ter se importado ao ver seu acompanhante com outra.
- Oi – ele se aproxima da menina.
- Oi – ela responde com má vontade.
- Eu reparei que você estava ali com meu amigo, o João...
- Ah ele é seu amigo? – ela abre um sorriso – Ele é demais, diz para ele que eu adorei ficar com ele, ta?!
- Mas, no entanto, ele já esta com outra e você não liga? – Mauro estranha.
- Não, claro que não – ela responde como se fosse algo muito óbvio – Como ele mesmo disse, ninguém é dono de ninguém aqui. É apenas uma experiência entre duas pessoas que querem se divertir e nada mais. Para que complicar não é mesmo?
Mauro estava pasmo, como um bocó como o João, tinha inventado um xaveco tão bom e ainda convencido a garota de que é super natural ser trocada por outra?
- Mas, e se a gente fizer uma experiência agora entre nós – Mauro não podia perder a chance.
- Desculpe amigo, você não entende o conceito dessa experiência. – El ao olha com desprezo - Esta na sua cara que você nem entendeu do que eu estou falando. – ela sai andando e o deixa assombrado.
Gabriel entrou na boate e nem ao menos cumprimentou os amigos, afinal ele estava querendo se dar bem como na noite anterior, duas mulheres ao mesmo tempo não é para qualquer um. Entretanto, fazia meia hora que estava parado, no mesmo lugar, e nem ao menos um olharzinho conseguiu trocar com menina alguma. Desanimado se afogava em seu copo de vodka, que já como gelo derretido virou um caldinho de vodka aguada.
Beto mancando pergunta para Gabriel se ele viu Tati.
- Cara, eu vi. Ela tava muito gata... – e vendo a cara de ofensa do amigo – Mas como eu respeito muito você, nada me passou pela cabeça.
- Você viu para onde ela foi? – ele pergunta mau humorado, cansado de escutar como a ex esta bonita naquela noite.
- Olha, eu vi ela ali nos sofazinhos – Gabriel pondera – Mas ela estava acompanhada.
- Acompanhada?! – Beto furioso vai em direção aos sofás.
- Cara, vai devagar, sua perna ta sangrando – observa Gabriel assustado.
Beto nem escuta, ele simplesmente anda sem pensar em mais nada. Quando acha, Tati esta como quando ele a havia conhecido, linda. Ela esta solta, feliz, conversando animadamente... com outro. Como é possível esquecê-lo assim tão rápido?
- Oi, Tati – ele para bravo, com os braços cruzados, na frente dela – Quer dizer que você... – Beto perde um pouco o equilíbrio. Ele tenta respirar, o pé lateja.
- Beto! Você ta bem?! – ela pergunta preocupada, vendo-o embranquecer.
- Eu... – Beto vira os olhos e cai desmaiado no chão.
- Ai Meu Deus! – Tati aos gritos pede ajuda, enquanto segura a cabeça de Beto caído no chão.
Um agrupado de rapazes se aproxima e levantam Beto, colocando-o sobre o sofá. Ele desperta meio desesperado, mas Tati o acalma.
- O que ta acontecendo? – ele mira o rosto dela com os olhos arregalados.
- Você desmaiou – Tati o olha paciente – Você esta bem?
- Estou, é apenas essa dor horrível no pé – ele aponta o pé e Tati fica desesperada ao ver a barra da calça toda manchada de sangue.
- Pelo amor de Deus, Beto – ela aponta petrificada – olha a sua perna que estado está!!!
- Ta tudo bem...
- Você deveria estar em casa, deve ter aberto todos os pontos, você ta doido?! – Tati pede ajuda do rapaz com quem conversava – Me ajuda, vou levar ele para o hospital. Onde esta estacionado seu carro Beto?
- Mas Tati... – ele se cala, os meses de namoro já lhe deram sabedoria suficiente. Não adianta discutir com Tatiana numa hora dessas – Esta na rua de trás.
Beto vai sendo carregado para fora do recinto, branco como vela. O caminho até o carro é difícil, não apenas pela dor que sente, mas também por estar sendo escoltado por aquele que o substituiu.
Ele entra finalmente no carro, com toda a ajuda possível. Tati agradece ao amigo com um abraço, o que deixa Beto mordido, mas ele não tem forças para resmungar. A ex-namorada da a partida no carro, que desliza às pressas, avenida à dentro.
Taninha já se sente meio alegre, Tonho traz mais uma cerveja para ela.
- Eu já estou bêbada, será que não é melhor parar? – Taninha fica com o que Mari falou.
- Ah eu quero mais é você bem doidinha – Tonho a abraça. Ela da um gole na cerveja e o puxa animada para dançar.
Ao lado deles João dança animado ao lado de um grupo de amigos, às gargalhadas. Ele experimenta passos diferentes e não sente vergonha alguma com isso.
Mauro o puxa de canto e ele vai falar com ele contra sua vontade.
- João, to curioso, que é que ta rolando?
- Do que você ta falando, Mauro? – João fala com ele rindo dos colegas que dançam.
- Você, catando várias minas, cheio de dancinhas ai... que é que você tomou? – Mauro da um tapinha no ombro de João – Também quero.
- Eu tomei uns drinks cara, mas eu não to loco nem nada – ele sorri para Mauro – Eu simplesmente desisti de ser um cara preocupado! Resolvi aproveitar o que a vida me apresenta sem pensar tanto na finalidade das coisas...
- Hahahahah – Mauro o interrompe com uma gargalhada – Para...
- Mauro, qual é a graça? – João olha complacente para ele. Uma morena o puxa pela mão, João deixa Mauro e vai dançar com os novos amigos. Duas meninas fazem sanduíche com ele, e o que parece pior para Mauro, João não tenta se aproveitar da situação.
60
Uma hora parado, mais 15 minutos tentando conversar com alguma garota e nada. Gabriel resolve assumir para si mesmo: a vida voltou ao normal. Passa a encarar a experiência dupla da noite passada como um pagamento de Deus, por ter lhe enviado um traveco. Tudo bem, ele e o Lá de cima estavam quites agora.
Olha para o irmão todo feliz. Segurando Mari nos braços, trocando carícias com ela. Pela primeira vez tenta entender o irmão. Não é fácil ficar sozinho, procurando sempre alguém na noite. Gostar de alguém deve ser um alívio tremendo para a solidão que sente.
Em meio a esse pensamento uma moça com cara de perdida para ao lado dele. Preocupada ela olha o celular de cinco em cinco segundos. Ele sem se dar conta se mantém observando-a curioso. Ela fica na ponta do pé procurando por alguém na pista de dança.
- Você esta procurando alguém? – Gabriel se interessa em ajudá-la.
- Na verdade estou, um amigo...viemos juntos... mas ele sumiu... bebeu demais sabe? – ela parece aflita.
- De repente eu posso tê-lo visto, como ele se parece? – Gabriel começa a olhar na pista de dança junto com ela.
- Ele é moreno, com cachos nos cabelos...Meu Deus onde ele se enfiou – ela olha de um lado para o outro ansiosa – Odeio ficar sozinha na balada, sabe? – ela assume envergonhada.
- Tudo bem, eu também não gosto muito – ele é sincero – Eu te faço companhia até você encontrar ele...como amigo – ele sorri assegurando-a.
- Ah obrigada – ela sorri sem jeito.
-Ai! – machuco meu cotovelo no trinco da porta do banheiro – Droga! – olho brava para Tony, que me aperta no espaço apertado da cabine do banheiro.
- Vem aqui, mulher! – Tony me puxa para si e passa a mão em cada milimitro do meu corpo. Fico irritada.
- Para, aqui não! – tento afastá-lo.
- Ah que isso, deixa disso, é tão gostoso – Tony morde minha orelha, mas em seguida põe a mão num local bastante íntimo. Com o susto bato o tornozelo na privada.
- Ai! Car....! – fico emputecida – Chega! To cansada dessa situação!
- Ah larga de frescura, você sempre gostou de um bom banheiro...vamo lá – ele vem para cima – Você sabe que eu te levo a loucura.
- A loucura só dura cinco segundos você quer dizer! – solto agressiva e para me arrepender logo em seguida.
- O que você quis dizer? – ele me olha sério. Um clima de gelo paira no ar.
- Nada... eu só estou com calor – desvio o olhar.
- Você não precisava ter falado assim... sobre ontem, eu estava bêbado, porra... – Tony abre a porta e sai andando mais encabulado do que bravo.
Minha consciência me aperta por dentro. Porque fui falar aquilo? Eu estou com raiva. Com raiva porque ele me manipula tão fácil, é isso. Droga, eu devia ter ficado quieta. Estraguei tudo. Vou correndo atrás dele no bar.
Tony me olha com raiva nos olhos, mas desconfio que certa vergonha também. Ele faz questão de xavecar uma menina, que sacode os peitos para que ele aumente a sua dose de whisky.
- Tony... – ele me ignora – Tony! – eu seguro no braço dele.
- Que? – ele continua olhando para os peitos da menina.
- Me desculpa, eu não devia ter falado aquilo. Eu gosto de você, você sabe...acho que eu estava com raiva porque a gente não tem uma relação, sei lá... muito normal.
- Mas eu estou trabalhando...
- Não, relaxa, eu sei que você não pode – engulo o orgulho – Só queria me desculpar pelo que falei. Fui rude. E eu não me sinto daquele jeito que falei.
- Tudo bem... – ele passa a mão no meu rosto – Agora eu preciso trabalhar, depois nos falamos melhor.
Eu saio andando do bar me sentindo mal mais uma vez. De novo me arrastando por ele.
Beto agora já com pontos novos e depois de ouvir um belo sermão da enfermeira agradece Tati.
- Nossa, ainda bem que você me trouxe, obrigada mesmo por dirigir até aqui.
- Tudo bem, você não estava bem.
- Eu atrapalhei seu encontro, né? – Beto olha para baixo envergonhado, pois sabe que esta querendo sondar Tati.
- Eu não estava ficando com ninguém, eram só amigos que fiz. Nós costumávamos conversar bastante antes de namorarmos, lembra? – Tati acaricia o braço dele.
- Tati, me desculpa – ele acaricia o rosto dela – Eu fui um idiota, não sei o que me deu.
- Esta tudo bem, Beto. Você tem o direito de ter suas dúvidas – Tati sorri sincera para ele.
- Não, você não ta entendendo. Eu fui para a balada com o pé assim porque eu precisava te ver. Foi uma enorme burrada, um erro! Eu não devia ter terminado... O que estou tentando dizer é que eu quero voltar, Tati – Beto segura na mão dela.
- Nossa, Beto. Nem sei o que dizer para você – Tati fica sem jeito.
- Não precisa dizer nada, vamos esquecer disso e continuar como estávamos.
- Esse é o problema. É que...eu agora acho que você tinha razão. No começo eu não queria me separar... mas essas poucas horas... onde eu pensei em mim, conheci gente nova, não sei, me fez ver que a gente realmente precisa de mais do que aquilo que estávamos vivendo, Beto.
- Mas, Tati...
- É.. você estava certo, acho que a gente é muito novo e tem muito o que viver ainda.
- Não, não... – Beto fica desesperado – eu estava errado, completamente!
- Eu sinto muito Beto, eu não vou voltar a namorar – Tati lhe dá um beijo na testa.
- Mas, Tati... não faça isso... pensa bem. – Beto tem lágrimas nos olhos.
- Desculpe, eu não vou mudar de idéia... – Tati sente um nó apertado na garganta.
Os pais de Beto chegam no quarto, cumprimentam Tati, que esta sem jeito. Beto esta desesperado. Ela se despede. Beto fica em silêncio vendo-a sair da sala.
- Filho, você esta bem? – a mãe se senta ao lado dele na cama.
Beto olha para a mãe e desata a chorar no colo dela.
61
Taninha esta completamente zonza, não consegue ficar de pé sem tropeçar. Tonho da risada, enquanto tenta colocá-la para andar em linha reta.
- Nossa, to muito louca – Tânia fala confusa – Eu prometi que eu não ia ficar assim – fala meio enrolado.
- Relaxa, minha querida! Eu estou aqui pra cuidar de você.
Tânia esbarra em Gabriel e pede desculpas sem graça.
Gabriel nem percebe Taninha, esta entretido conversando com a menina, que parece ter esquecido do amigo desaparecido. Apesar de ter prometido ficar com ela só como amigo, um clima de mais alguma coisa se formou rapidamente. Gabriel não mede sorrisos e ela não para de mexer timidamente no cabelo. Os dois se aproximam aos pouquinhos. Esta obvio o que irá acontecer.
A menina que fala desbragadamente, enquanto Gabriel a observa todo caidinho, acaba se enrolando no que esta falando. Os dois riem e Gabriel aproveita a deixa e se chega mais perto, ela também faz o mesmo movimento para frente. As bocas se aproximam, quando um rapaz cai duro do lado deles, de cara no chão.
- Juca! – a menina grita interrompendo o beijo – Esse é o meu amigo! – ela fala desesperadamente para Gabriel, que se apressa em ajudar o menino.
Uma roda de pessoas se aproxima para olharem o menino que começa a ter convulsões no meio da pista de dança. Alguém grita que ele esta tendo uma overdose.
Tânia olha horrorizada para o menino que treme e espuma pela boca. Fica sóbria na mesma hora. João e Rafael se enfiam no meio para ajudar a levantar o menino do chão. Tony grita por um médico. Gabriel consola a amiga do tal Juca que chora compulsivamente. Nesse momento a música já parou há algum tempo. Tânia sente uma sensação horrível, uma mistura de culpa com nojo. Tonho tenta falar com ela, mas ela sai andando e o deixa falando sozinho. Taninha corre da danceteria e pega o primeiro táxi que vê na frente. Já Mari corre para o banheiro e enquanto vomito pensa que apesar de tudo é o dia mais feliz da sua vida.
As pessoas não sabem se olham ou se evitam a cena. Entretanto ninguém consegue tomar atitude alguma, estão petrificados com o rapaz. Alguém tenta acordá-lo com água na cara.
Por sorte uma ambulância chega em 10 minutos. O rapaz é carregado para fora, com os olhares aterrorizados de todos. A amiga vai atrás, acompanhada de Gabriel. A brincadeira termina, as pessoas começam a sair da danceteria.
João com o grupo de amigos novos parece não estar muito abalado pelo acontecimento. Mari e Rafa saem abraçados em direção ao carro, sérios. Mauro ainda tenta consolar uma menina que reclama revoltada que a festa acabou e consegue um beijo dela. Tonho procura por Tânia.
J olha para mim e estou com os olhos cheios de lágrimas. Ele me puxa pelo braço e me leva para um lugar mais tranqüilo. Olho para ele sem falar nada e ele me abraça, eu desabo, choro baixinho.
Ficamos assim em silêncio por mais ou menos dez minutos. Não sinto mais forças para agüentar a angustia que senti o dia todo. Começo a falar atropelado com J, conto tudo que estou sentindo. Ele me escuta em silêncio. Menciono não saber o que estou fazendo, estar me sentindo sozinha, me sentindo idiota por ficar com um cara como Tony. Ele apenas ouve e segura em minha mão. Continuo, falando sobre as pessoas que me acham metida, mas que na verdade eu sou um poço de insegurança e que me sinto muitas vezes uma pessoa horrível.
- Não – ele me interrompe – Você não é horrível.
Eu olho assustada para ele, interrompida no meu incansável discurso.
- Você é fechada, só isso. – ele me olha bem no meio dos olhos.
Fico emudecida, pela primeira vez alguém entendeu alguma coisa. Acho que até melhor do que eu. Ainda olho para ele, estarrecida, quando ele me beija devagar. Inicialmente me assusto, mas o gosto do beijo me embriaga e me deixo levar pelo sentimento.
Escuto chamarem meu nome ao longe. Me alarmo, é Tony. Solto rapidamente das mãos de J.
- E ai, vamos comigo? – Tony aparece na porta e me chama sem olhar para J – Estou esperando você na porta.
Faço menção de levantar, mas J me segura pela mão.
- Não vai com ele – ele aperta minha mão mais forte.
- Mas... – não sei o que dizer.
- Eu quero ficar com você. Fica aqui comigo – J me olha sério.
- E ai? – Tony me chama impaciente de novo.
Olho para ele, olho para J e...
62
1 ANO MAIS TARDE.
O carro passa em frente a fila. Ela esta quilométrica.
Mas não teremos que esperar na fila, afinal essa noite é especial, é um reencontro. Todo mundo foi convidado e um aglomerado de pessoas grita “Não acredito!”, ao se verem depois de tanto tempo.
- Que saudades, como você esta bonita! – Tânia abraça Mari, que esta de mão dada com Rafael.
Você deve estar se perguntando, então eles ficaram juntos? Sim, claro que ficaram. Porém, nem tudo foi perfeito. A insegurança da Mari, com o tempo, foi se transformando num ciúmes doentio, que rendeu, nesse ultimo ano, enormes brigas e desaforos às pervertidas que dão em cima de Rafa. Ele tentou de tudo em vão. Trazia flores semanalmente, comprou um anel de compromisso e até noivou com Mariana. A coisa ficou tão feia, que há 3 meses atrás ele quis terminar o namoro, e depois de ter culpado pelo menos umas três mulheres, o Carnaval e o trabalho novo dele, Mari prometeu procurar uma terapia se eles continuassem juntos. Ele resolveu dar uma chance para ela, porém a terapia ainda não surtiu efeito. Como se pode perceber pela força com que ela segura nos dedos dele.
Gabriel aparece todo sorridente, atrás de Rafael e o abraça.
- Nossa irmãozinho, cada dia mais algemado! – eles dão boas risadas.
- Mais do que você impossível! – Rafael solta com força a mão de Mari para cumprimentar a cunhada.
Ah sim, o Gabriel acabou, não apenas namorando com a amiga do Juca (aquele da overdose), como foi morar com ela. O apartamento dos dois é um dos locais mais agradáveis de se visitar. Os dois vivem felizes e em harmonia, trabalham juntos numa lojinha de roupas, que abriram no ano passado. E que ainda bem, tenho um cartão de desconto, porque não consigo manter a carteira fechada toda vez que vou lá.
- Nossa, que barrigão – exclamo ao ver a esposa de Mauro.
- Nossa, estou um orça! – a esposa dele se esforça para sorrir, mexendo os cabelos loiros para o lado, demonstrando o desconforto com a barriga grávida. É, não tinha como o Mauro terminar de outra forma. Uma noite de amor com uma das suas loirinhas, resultou numa família para o resto da vida. A mãe dele, quando soube da gravidez, o obrigou a casar. Ele detesta a mulher, ela o detesta, mas eles estão esperando uma menininha para daqui dois meses.
- Cadê o João? – Mauro pergunta uma vez que não o vê ali.
- O João está em outro país – respondo dando risada – Esta morando na Dinamarca agora.
- Achei que era na Inglaterra – exclama Beto, que chega na rodinha nesse momento.
- Era, depois foi França, Suécia e agora Dinamarca – respondo divertida. O João, quem diria? Esse daí se deu bem. Resolveu experimentar tudo! Começou beijando meninas, depois foram as drogas, o beijo dos meninos e sucessivamente veio o sexo em grupo. Foi assim que o mundo dele ficou muito pequeno aqui. Fez contato um pessoal e resolveu viajar e assim foi conhecendo gente e mudando de lugar em lugar. Em um ano ele conheceu metade da Europa e das bocas de lá também. Não sei se ele volta algum dia.
- Esse João, não tem jeito, ta sempre doidinho. E ele era o mais certinho de nós – comenta Tânia benevolente. Sim, porque desde que viu aquele menino tendo convulsões no chão da balada, Tânia foi para casa e no primeiro raio de sol se dirigiu para o AA. Foi na frente da sala cheia de gente e contou para todo mundo o que estava acontecendo com ela. E desde então nunca mais colocou uma gota de álcool na boca. Virou voluntária do centro comunitário onde funciona o AA e tem ajudado um monte de adolescentes e jovens que se perderam nas drogas. Mas nem por isso virou santa, ela e o Tonho vão e voltam num namoro louco, que as vezes é aberto, as vezes é fechado. Relacionamento que rende histórias engraçadas, envolvendo cenas hilárias em locais públicos. Acho que na verdade a Taninha só mudou o vicio.
- E você Beto, o que andou fazendo nesse tempo? – Mari o questiona, pois ele não aparecia desde aquela noite fatídica em que terminou de vez com Tati.
- Trabalhando – ele ri, 10 quilos mais gordo. Beto, que nunca se conformou com o final do namoro, resolveu jogar suas frustrações no trabalho e na comida. Passa o dia todo no escritório e a noite no barzinho ao lado do trabalho. Já a Tati virou hostess da balada e todo dia conhece um monte de gente nova. Ela fez tanto sucesso como hostess que até saiu no jornal na parte de celebridades na noite.
- Olha lá a Tati – Mauro aponta – Vamos ver se ela coloca a gente para dentro – Mauro vai em direção a porta da balada, mas ao ouvir um resmungo da esposa, se lembra de ajudá-la a andar com aquela barriga enorme.
- Você não vem? – Tânia me pergunta vendo que não vou falar com Tati.
- Eu já vou, só estou esperando uma pessoa – sorrio, enquanto vejo o pessoal entrar na balada como há muito tempo eu não via. A overdose do Juca serviu para esfriar as noites de balada, o pessoal foi desanimando, indo em outros lugares, ou procurando outras coisas mais importantes para fazer. Nesses tempos eu apenas vi as pessoas na faculdade, mas nunca mais foi a mesma coisa, acho que foi uma fase que passou e agora só sobrou a lembrança. Foi por isso que combinaram esse reencontro, para relembrar os velhos tempos, quer dizer não para Tati e nem para mim, pois continuamos a freqüentar a boate. Ela porque passou a trabalhar aqui e eu, bem, meu namorado trabalha na balada, né? Ou vocês não lembram do final do último capítulo?
Eu vou relembrá-los...
Estava conversando com o J e ele me deu um beijo, mas chegou o Tony. Nessa indecisão eu tive que escolher, e é claro, fiz a escolha obvia.
- Oi – Tony chega e me da um abraço.
- Você chegou atrasado – respondo.
- É o chefe vai me matar – ele da risada – Estava numa festinha particular se é que você me entende – ele me da uma piscadinha e entra no recinto.
Quando me viro J me da um beijo na boca de supetão. Sorrio e entro com meu namorado, o Dj.
Um presente para mais um ano de existência.
para lembrar: http://pavedelimao.blogspot.com/2006_07_01_archive.html junho 2006
57
Cabeça erguida, peito para a frente, vestido curto e salto alto. Fiu...fiu! Tati entra deslumbrante na balada. A mais nova solteira do pedaço chega pronta para a caça. E parece que as iscas estão interessadas, afinal, tem um monte de caras olhando para ela.
- Nossa Tati, o que aconteceu? – Tânia exclama e Tonho, ao lado, concorda medindo Tati de cima a baixo.
- Ué. Nada – Tati se faz de desentendida.
- Nada, coisa nenhuma! Você ta ai toda arrumada, não é a toa – olho para ela desconfiada.
- Por que? Vocês estão insinuando que eu nunca me arrumo? – Tati se faz de ofendida.
- Não... – todos se olham sem jeito – Não é isso...
- Ah Tati, você quando namora acaba desencanando de algumas coisas como estética e requinte... isso é normal, todo mundo faz isso – digo sinceramente.
- Também não é assim! – Tati se ofende de verdade – Não é porque eu não faço escova no cabelo todo o dia, que não me preocupo. Olha ai, to num bom peso... pele boa... – Tati apalpa discretamente um pneuzinho na cintura e dá de ombros – Bom vou dançar que eu ganho mais.
Ela se dirige para a pista onde um rapaz loiro já se aproxima e começa a conversar com ela. Ela fica tímida, sem saber muito como agir, o que entrega que esta fora de forma para as paqueras da balada.
Ao lado João se despede da menina de olhos claros com um beijo apertado e vai em direção ao bar. Paro a seu lado e o observo. Ele pede um drink e me olha sorridente, mal posso reconhecê-lo.
- Oi – ele me abraça e eu estranho.
- Oi, acho que você esta meio diferente. Você fez alguma coisa? – fico olhando-o tentando entender.
- Não... – ele sorri orgulhoso e sai andando. Entendo de súbito... Ele tem algo novo sim. Auto estima. Nunca havia visto isso nele antes e não é que fica bem nele?
Enquanto filosofo sobre a auto estima de João, o motivo da minha falta de auto estima me cutuca por trás do balcão. Enquanto me viro para olhar Tony, sinto o estômago embrulhar.
- Como você esta? – ele sorri mostrando todos os dentes. Eu mal consigo falar, apenas sorrio amarelo, sem forças. – Eu já estou sentindo saudades – Ele me toca.
Acho aquilo tão estranho de ouvir, Tony tentando ser romântico parece até falso. A náusea aumenta e preciso sair correndo para o banheiro. Sem entender ele ainda me chama de longe, mas não posso parar. Chego correndo e furo a fila do banheiro gritando que estou passando mal. Abro desesperada a tampa da privada e faço menção de vomitar, mas nada sai de dentro de mim. Tento forçar, mas ainda assim, nada. O enjôo continua, mas percebo que não estou passando mal de verdade. É nervosismo.
Lavo o rosto na pia, olho para mim mesma no espelho e seguro o soluço que quer passar por minha garganta. O que esta de errado comigo? Respiro fundo e resolvo que não há porque me desesperar. Recomponho-me e saio pela porta do banheiro, mas Tony me espera do lado de fora.
Tento me desvencilhar, mas ele me abraça, sinto um misto de tontura e embriaguez. O cheiro de perfume que eu tanto gosto entra pelo meu nariz e eu me sinto protegida, mesmo não querendo estar ali, com ele. A sensação ruim se esvai, entendo que o problema sou eu, não Tony. Eu estou carente, eu talvez goste dele. Mas ele representa tudo que eu não deveria querer para mim. Não demos certo na cama, ele é canalha, não há nada que eu admire nele. Porém tem algo em mim que precisa dele. Deixo-me envolver pelos braços fortes dele e estou entregue mais uma vez.
João passa por nós, a tiracolo uma menina, mas já não é a mesma de antes.
58
Rafael procura por todo o lugar, não consegue achar a namorada. Vê João ao lado, vai lhe perguntar se viu Mari, porém se detém, quando percebe que ele esta no meio de um xaveco. Não demoram nem dois minutos para que ele beije a ruiva mais alta que ele.
- É, quem diria, o João – Tânia comenta com Rafa, abismada – Ele me deu flores hoje antes de vir para cá e agora esta assim.
- Ele te deu flores? – pergunta Tonho em tom de chacota.
- Sim, foi muito gentil, quis se desculpar – Tânia responde emburrada.
- O minha querida – Tonho enlaça Tânia – Que homem não quereria dar flores para você?
- Gente, mudando de assunto. Vocês virão a Mari, ela sumiu de repente... – Rafa pergunta preocupado.
- Não, não vi – responde Tonho tomando um gole de cerveja e dando a garrafa para Tânia.
Taninha faz careta ao olhar a garrafa, mas depois de pensar um pouco pega a bebida e da um gole. Seu rosto se ilumina de prazer. Pede que Tonho espere um pouco e vai até o bar onde pega uma cerveja para si. Os dois se abraçam e vão para a pista de dança.
Fico sentada durante alguns minutos olhando para o nada, J se senta a meu lado, mas não percebo.
- O que você tem? – ele encosta a mão no meu braço e eu me assusto, distraída.
- Ah?! Ah Nossa, J, que susto – coloco a mão no peito para sentir a aceleração do coração.
- Hahaha, calma – ele ri divertido – Só queria ver se você esta bem. Vi você sentada ai, olhando para o nada, um tempão.
- Ah – dou um sorriso envergonhado – Eu estava pensando na morte da bezerra.
- Entendo... Mas esta tudo bem com você?
- Sim, sim. – tento sorrir – Não...
- Eu imaginei – ele me olha preocupado – Quer conversar sobre o assunto.
- Na verdade não – sou sincera – Acho que não quero.
- Bom, você sabe que se precisar eu estou aqui – ele segura minha mão, me assusto.
- Ah..ok, obrigada – fico sem jeito
- Oi – Tony chega de repente e me puxa para si.
- E ai, cara? – J cumprimenta e desconfortável sai.
- Tudo bem? – Tony me abraça
– Tudo certo, sim – respondo beijando-o.
- Só passei para dar um oi, preciso voltar para o bar – Tony me deixa ali. Fico sem entender, seria aquilo uma cena de ciúmes?
Mari passa por mim, esquisita, com um drink na mão. A cutuco e ela abre um sorriso enorme. Parece ter alguma coisa errada em sua boca, pois não para de passar a língua sobre os lábios.
- Você esta bem? – estranho, ela parece ansiosa.
- Eu estou, estou ótima – ela fala acelerada – O Rafa, mal veio, COMIGO, já esta com outra, mas eu estou perfeita. Na verdade é até engraçado. Veja só, eu sempre achei bizarro você ficar aos beijos com aquele barman, que eu mesma já vi transar com umas três meninas no banheiro...
- Mari! – não sei se fico ofendida ou chateada.
- ...Não, mas espera, pelo menos quando ele esta com você, ele está com você!
- Nossa Mari, que aconteceu? – Tânia chega vendo Mari eufórica e minha cara de atônita.
- Nada, eu to bem! Eu tava meio devagar... por causa da maconha. Agora eu tomei um drink duplo ali, que o tal do ...como chama seu barman galinha mesmo?? – Mari olha para mim esperando uma resposta.
- Mari, eu vou te mandar para aquele lugar, quem você...
- Calma, ela misturou as coisas, você sabe como ela é fraca, deve ter dado um revertério... – Taninha tenta acalmar a situação.
- É, Taninha, eu realmente não agüento beber a noite toda que nem você... – Mari ri olhando para o chão.
- Mari... – Tânia olha para mim e apenas sorrio em silêncio.
- Não, mas como eu dizia, é engraçado, porque você bebe até cair e ainda assim tem um cara mó gato ali do seu lado! Já eu...
- Mariana! – Taninha se enfeza – Eu não bebo tanto assim – Tânia olha para a garrafa em sua mão e disfarça.
- Vocês tem razão, eu sou uma fracassada. Como é que eu fui achar que o Rafael ia olhar pra mim... – Mari faz cara de choro. Quero ter pena,mas minha vontade é de estrangulá-la – Até o irmão dele me falou que ele não gosta de mim.
O som da pista de dança para, de repente, e todos olham para o Dj.
- Gente! O negócio é o seguinte – J fala alto – Tem um amigo aqui que tem uma coisa muito importante pra falar!
Rafael esta ao lado do Dj na pick-up e pega o microfone da mão de J. Ele parece um pouco nervoso.
- Oi...é da para ouvir? – ele da um sorriso meio sem graça e um pessoal começa a gritar, “vai logo!” – É o seguinte, eu queria fazer uma declaração aqui! Eu queria dizer que eu to muito feliz...na verdade é uma proposta...
- Vai cara!!! – um grupinho começa a aplaudir na frente da pista.
- Calma gente, é que eu queria dizer para a Mari, se ela estiver me ouvindo... – ele procura entre as cabecinhas, mas não vê Mariana - Que ela é especial cara...e que eu queria que todo mundo soubesse que eu quero que ela seja minha namorada.
- Aeeeeeeee! – a pista toda começa a gritar e aplaudir. Rafael esta vermelho.
Gabriel, que entra nesse momento na danceteria, olha descrente para o papelão do irmão. Não pode mais com aquilo, se afasta.
Mari fica lisonjeada e sobe correndo para o palco junto com Rafael e o Dj, enquanto eu e Tânia olhamos, embasbacadas. Aquela cena tão cafona e romântica, ao mesmo tempo. Mari já em cima da pick up da um beijo ardente em Rafa e grita no microfone “SIM!!!!”
O pessoal vai ao delírio, J morre de rir e Mari entusiasmada se joga em cima da platéia, que a segura em êxtase. Rafa fica sem palavras...anota mentalmente: “nunca mais dar maconha para Mari”.
59
João passa com a quarta menina da noite, Mauro, fica revoltado ao ver a troca em menos de dez minutos. Curioso ele se aproxima da ruiva que estava anteriormente com João e que aparenta não ter se importado ao ver seu acompanhante com outra.
- Oi – ele se aproxima da menina.
- Oi – ela responde com má vontade.
- Eu reparei que você estava ali com meu amigo, o João...
- Ah ele é seu amigo? – ela abre um sorriso – Ele é demais, diz para ele que eu adorei ficar com ele, ta?!
- Mas, no entanto, ele já esta com outra e você não liga? – Mauro estranha.
- Não, claro que não – ela responde como se fosse algo muito óbvio – Como ele mesmo disse, ninguém é dono de ninguém aqui. É apenas uma experiência entre duas pessoas que querem se divertir e nada mais. Para que complicar não é mesmo?
Mauro estava pasmo, como um bocó como o João, tinha inventado um xaveco tão bom e ainda convencido a garota de que é super natural ser trocada por outra?
- Mas, e se a gente fizer uma experiência agora entre nós – Mauro não podia perder a chance.
- Desculpe amigo, você não entende o conceito dessa experiência. – El ao olha com desprezo - Esta na sua cara que você nem entendeu do que eu estou falando. – ela sai andando e o deixa assombrado.
Gabriel entrou na boate e nem ao menos cumprimentou os amigos, afinal ele estava querendo se dar bem como na noite anterior, duas mulheres ao mesmo tempo não é para qualquer um. Entretanto, fazia meia hora que estava parado, no mesmo lugar, e nem ao menos um olharzinho conseguiu trocar com menina alguma. Desanimado se afogava em seu copo de vodka, que já como gelo derretido virou um caldinho de vodka aguada.
Beto mancando pergunta para Gabriel se ele viu Tati.
- Cara, eu vi. Ela tava muito gata... – e vendo a cara de ofensa do amigo – Mas como eu respeito muito você, nada me passou pela cabeça.
- Você viu para onde ela foi? – ele pergunta mau humorado, cansado de escutar como a ex esta bonita naquela noite.
- Olha, eu vi ela ali nos sofazinhos – Gabriel pondera – Mas ela estava acompanhada.
- Acompanhada?! – Beto furioso vai em direção aos sofás.
- Cara, vai devagar, sua perna ta sangrando – observa Gabriel assustado.
Beto nem escuta, ele simplesmente anda sem pensar em mais nada. Quando acha, Tati esta como quando ele a havia conhecido, linda. Ela esta solta, feliz, conversando animadamente... com outro. Como é possível esquecê-lo assim tão rápido?
- Oi, Tati – ele para bravo, com os braços cruzados, na frente dela – Quer dizer que você... – Beto perde um pouco o equilíbrio. Ele tenta respirar, o pé lateja.
- Beto! Você ta bem?! – ela pergunta preocupada, vendo-o embranquecer.
- Eu... – Beto vira os olhos e cai desmaiado no chão.
- Ai Meu Deus! – Tati aos gritos pede ajuda, enquanto segura a cabeça de Beto caído no chão.
Um agrupado de rapazes se aproxima e levantam Beto, colocando-o sobre o sofá. Ele desperta meio desesperado, mas Tati o acalma.
- O que ta acontecendo? – ele mira o rosto dela com os olhos arregalados.
- Você desmaiou – Tati o olha paciente – Você esta bem?
- Estou, é apenas essa dor horrível no pé – ele aponta o pé e Tati fica desesperada ao ver a barra da calça toda manchada de sangue.
- Pelo amor de Deus, Beto – ela aponta petrificada – olha a sua perna que estado está!!!
- Ta tudo bem...
- Você deveria estar em casa, deve ter aberto todos os pontos, você ta doido?! – Tati pede ajuda do rapaz com quem conversava – Me ajuda, vou levar ele para o hospital. Onde esta estacionado seu carro Beto?
- Mas Tati... – ele se cala, os meses de namoro já lhe deram sabedoria suficiente. Não adianta discutir com Tatiana numa hora dessas – Esta na rua de trás.
Beto vai sendo carregado para fora do recinto, branco como vela. O caminho até o carro é difícil, não apenas pela dor que sente, mas também por estar sendo escoltado por aquele que o substituiu.
Ele entra finalmente no carro, com toda a ajuda possível. Tati agradece ao amigo com um abraço, o que deixa Beto mordido, mas ele não tem forças para resmungar. A ex-namorada da a partida no carro, que desliza às pressas, avenida à dentro.
Taninha já se sente meio alegre, Tonho traz mais uma cerveja para ela.
- Eu já estou bêbada, será que não é melhor parar? – Taninha fica com o que Mari falou.
- Ah eu quero mais é você bem doidinha – Tonho a abraça. Ela da um gole na cerveja e o puxa animada para dançar.
Ao lado deles João dança animado ao lado de um grupo de amigos, às gargalhadas. Ele experimenta passos diferentes e não sente vergonha alguma com isso.
Mauro o puxa de canto e ele vai falar com ele contra sua vontade.
- João, to curioso, que é que ta rolando?
- Do que você ta falando, Mauro? – João fala com ele rindo dos colegas que dançam.
- Você, catando várias minas, cheio de dancinhas ai... que é que você tomou? – Mauro da um tapinha no ombro de João – Também quero.
- Eu tomei uns drinks cara, mas eu não to loco nem nada – ele sorri para Mauro – Eu simplesmente desisti de ser um cara preocupado! Resolvi aproveitar o que a vida me apresenta sem pensar tanto na finalidade das coisas...
- Hahahahah – Mauro o interrompe com uma gargalhada – Para...
- Mauro, qual é a graça? – João olha complacente para ele. Uma morena o puxa pela mão, João deixa Mauro e vai dançar com os novos amigos. Duas meninas fazem sanduíche com ele, e o que parece pior para Mauro, João não tenta se aproveitar da situação.
60
Uma hora parado, mais 15 minutos tentando conversar com alguma garota e nada. Gabriel resolve assumir para si mesmo: a vida voltou ao normal. Passa a encarar a experiência dupla da noite passada como um pagamento de Deus, por ter lhe enviado um traveco. Tudo bem, ele e o Lá de cima estavam quites agora.
Olha para o irmão todo feliz. Segurando Mari nos braços, trocando carícias com ela. Pela primeira vez tenta entender o irmão. Não é fácil ficar sozinho, procurando sempre alguém na noite. Gostar de alguém deve ser um alívio tremendo para a solidão que sente.
Em meio a esse pensamento uma moça com cara de perdida para ao lado dele. Preocupada ela olha o celular de cinco em cinco segundos. Ele sem se dar conta se mantém observando-a curioso. Ela fica na ponta do pé procurando por alguém na pista de dança.
- Você esta procurando alguém? – Gabriel se interessa em ajudá-la.
- Na verdade estou, um amigo...viemos juntos... mas ele sumiu... bebeu demais sabe? – ela parece aflita.
- De repente eu posso tê-lo visto, como ele se parece? – Gabriel começa a olhar na pista de dança junto com ela.
- Ele é moreno, com cachos nos cabelos...Meu Deus onde ele se enfiou – ela olha de um lado para o outro ansiosa – Odeio ficar sozinha na balada, sabe? – ela assume envergonhada.
- Tudo bem, eu também não gosto muito – ele é sincero – Eu te faço companhia até você encontrar ele...como amigo – ele sorri assegurando-a.
- Ah obrigada – ela sorri sem jeito.
-Ai! – machuco meu cotovelo no trinco da porta do banheiro – Droga! – olho brava para Tony, que me aperta no espaço apertado da cabine do banheiro.
- Vem aqui, mulher! – Tony me puxa para si e passa a mão em cada milimitro do meu corpo. Fico irritada.
- Para, aqui não! – tento afastá-lo.
- Ah que isso, deixa disso, é tão gostoso – Tony morde minha orelha, mas em seguida põe a mão num local bastante íntimo. Com o susto bato o tornozelo na privada.
- Ai! Car....! – fico emputecida – Chega! To cansada dessa situação!
- Ah larga de frescura, você sempre gostou de um bom banheiro...vamo lá – ele vem para cima – Você sabe que eu te levo a loucura.
- A loucura só dura cinco segundos você quer dizer! – solto agressiva e para me arrepender logo em seguida.
- O que você quis dizer? – ele me olha sério. Um clima de gelo paira no ar.
- Nada... eu só estou com calor – desvio o olhar.
- Você não precisava ter falado assim... sobre ontem, eu estava bêbado, porra... – Tony abre a porta e sai andando mais encabulado do que bravo.
Minha consciência me aperta por dentro. Porque fui falar aquilo? Eu estou com raiva. Com raiva porque ele me manipula tão fácil, é isso. Droga, eu devia ter ficado quieta. Estraguei tudo. Vou correndo atrás dele no bar.
Tony me olha com raiva nos olhos, mas desconfio que certa vergonha também. Ele faz questão de xavecar uma menina, que sacode os peitos para que ele aumente a sua dose de whisky.
- Tony... – ele me ignora – Tony! – eu seguro no braço dele.
- Que? – ele continua olhando para os peitos da menina.
- Me desculpa, eu não devia ter falado aquilo. Eu gosto de você, você sabe...acho que eu estava com raiva porque a gente não tem uma relação, sei lá... muito normal.
- Mas eu estou trabalhando...
- Não, relaxa, eu sei que você não pode – engulo o orgulho – Só queria me desculpar pelo que falei. Fui rude. E eu não me sinto daquele jeito que falei.
- Tudo bem... – ele passa a mão no meu rosto – Agora eu preciso trabalhar, depois nos falamos melhor.
Eu saio andando do bar me sentindo mal mais uma vez. De novo me arrastando por ele.
Beto agora já com pontos novos e depois de ouvir um belo sermão da enfermeira agradece Tati.
- Nossa, ainda bem que você me trouxe, obrigada mesmo por dirigir até aqui.
- Tudo bem, você não estava bem.
- Eu atrapalhei seu encontro, né? – Beto olha para baixo envergonhado, pois sabe que esta querendo sondar Tati.
- Eu não estava ficando com ninguém, eram só amigos que fiz. Nós costumávamos conversar bastante antes de namorarmos, lembra? – Tati acaricia o braço dele.
- Tati, me desculpa – ele acaricia o rosto dela – Eu fui um idiota, não sei o que me deu.
- Esta tudo bem, Beto. Você tem o direito de ter suas dúvidas – Tati sorri sincera para ele.
- Não, você não ta entendendo. Eu fui para a balada com o pé assim porque eu precisava te ver. Foi uma enorme burrada, um erro! Eu não devia ter terminado... O que estou tentando dizer é que eu quero voltar, Tati – Beto segura na mão dela.
- Nossa, Beto. Nem sei o que dizer para você – Tati fica sem jeito.
- Não precisa dizer nada, vamos esquecer disso e continuar como estávamos.
- Esse é o problema. É que...eu agora acho que você tinha razão. No começo eu não queria me separar... mas essas poucas horas... onde eu pensei em mim, conheci gente nova, não sei, me fez ver que a gente realmente precisa de mais do que aquilo que estávamos vivendo, Beto.
- Mas, Tati...
- É.. você estava certo, acho que a gente é muito novo e tem muito o que viver ainda.
- Não, não... – Beto fica desesperado – eu estava errado, completamente!
- Eu sinto muito Beto, eu não vou voltar a namorar – Tati lhe dá um beijo na testa.
- Mas, Tati... não faça isso... pensa bem. – Beto tem lágrimas nos olhos.
- Desculpe, eu não vou mudar de idéia... – Tati sente um nó apertado na garganta.
Os pais de Beto chegam no quarto, cumprimentam Tati, que esta sem jeito. Beto esta desesperado. Ela se despede. Beto fica em silêncio vendo-a sair da sala.
- Filho, você esta bem? – a mãe se senta ao lado dele na cama.
Beto olha para a mãe e desata a chorar no colo dela.
61
Taninha esta completamente zonza, não consegue ficar de pé sem tropeçar. Tonho da risada, enquanto tenta colocá-la para andar em linha reta.
- Nossa, to muito louca – Tânia fala confusa – Eu prometi que eu não ia ficar assim – fala meio enrolado.
- Relaxa, minha querida! Eu estou aqui pra cuidar de você.
Tânia esbarra em Gabriel e pede desculpas sem graça.
Gabriel nem percebe Taninha, esta entretido conversando com a menina, que parece ter esquecido do amigo desaparecido. Apesar de ter prometido ficar com ela só como amigo, um clima de mais alguma coisa se formou rapidamente. Gabriel não mede sorrisos e ela não para de mexer timidamente no cabelo. Os dois se aproximam aos pouquinhos. Esta obvio o que irá acontecer.
A menina que fala desbragadamente, enquanto Gabriel a observa todo caidinho, acaba se enrolando no que esta falando. Os dois riem e Gabriel aproveita a deixa e se chega mais perto, ela também faz o mesmo movimento para frente. As bocas se aproximam, quando um rapaz cai duro do lado deles, de cara no chão.
- Juca! – a menina grita interrompendo o beijo – Esse é o meu amigo! – ela fala desesperadamente para Gabriel, que se apressa em ajudar o menino.
Uma roda de pessoas se aproxima para olharem o menino que começa a ter convulsões no meio da pista de dança. Alguém grita que ele esta tendo uma overdose.
Tânia olha horrorizada para o menino que treme e espuma pela boca. Fica sóbria na mesma hora. João e Rafael se enfiam no meio para ajudar a levantar o menino do chão. Tony grita por um médico. Gabriel consola a amiga do tal Juca que chora compulsivamente. Nesse momento a música já parou há algum tempo. Tânia sente uma sensação horrível, uma mistura de culpa com nojo. Tonho tenta falar com ela, mas ela sai andando e o deixa falando sozinho. Taninha corre da danceteria e pega o primeiro táxi que vê na frente. Já Mari corre para o banheiro e enquanto vomito pensa que apesar de tudo é o dia mais feliz da sua vida.
As pessoas não sabem se olham ou se evitam a cena. Entretanto ninguém consegue tomar atitude alguma, estão petrificados com o rapaz. Alguém tenta acordá-lo com água na cara.
Por sorte uma ambulância chega em 10 minutos. O rapaz é carregado para fora, com os olhares aterrorizados de todos. A amiga vai atrás, acompanhada de Gabriel. A brincadeira termina, as pessoas começam a sair da danceteria.
João com o grupo de amigos novos parece não estar muito abalado pelo acontecimento. Mari e Rafa saem abraçados em direção ao carro, sérios. Mauro ainda tenta consolar uma menina que reclama revoltada que a festa acabou e consegue um beijo dela. Tonho procura por Tânia.
J olha para mim e estou com os olhos cheios de lágrimas. Ele me puxa pelo braço e me leva para um lugar mais tranqüilo. Olho para ele sem falar nada e ele me abraça, eu desabo, choro baixinho.
Ficamos assim em silêncio por mais ou menos dez minutos. Não sinto mais forças para agüentar a angustia que senti o dia todo. Começo a falar atropelado com J, conto tudo que estou sentindo. Ele me escuta em silêncio. Menciono não saber o que estou fazendo, estar me sentindo sozinha, me sentindo idiota por ficar com um cara como Tony. Ele apenas ouve e segura em minha mão. Continuo, falando sobre as pessoas que me acham metida, mas que na verdade eu sou um poço de insegurança e que me sinto muitas vezes uma pessoa horrível.
- Não – ele me interrompe – Você não é horrível.
Eu olho assustada para ele, interrompida no meu incansável discurso.
- Você é fechada, só isso. – ele me olha bem no meio dos olhos.
Fico emudecida, pela primeira vez alguém entendeu alguma coisa. Acho que até melhor do que eu. Ainda olho para ele, estarrecida, quando ele me beija devagar. Inicialmente me assusto, mas o gosto do beijo me embriaga e me deixo levar pelo sentimento.
Escuto chamarem meu nome ao longe. Me alarmo, é Tony. Solto rapidamente das mãos de J.
- E ai, vamos comigo? – Tony aparece na porta e me chama sem olhar para J – Estou esperando você na porta.
Faço menção de levantar, mas J me segura pela mão.
- Não vai com ele – ele aperta minha mão mais forte.
- Mas... – não sei o que dizer.
- Eu quero ficar com você. Fica aqui comigo – J me olha sério.
- E ai? – Tony me chama impaciente de novo.
Olho para ele, olho para J e...
62
1 ANO MAIS TARDE.
O carro passa em frente a fila. Ela esta quilométrica.
Mas não teremos que esperar na fila, afinal essa noite é especial, é um reencontro. Todo mundo foi convidado e um aglomerado de pessoas grita “Não acredito!”, ao se verem depois de tanto tempo.
- Que saudades, como você esta bonita! – Tânia abraça Mari, que esta de mão dada com Rafael.
Você deve estar se perguntando, então eles ficaram juntos? Sim, claro que ficaram. Porém, nem tudo foi perfeito. A insegurança da Mari, com o tempo, foi se transformando num ciúmes doentio, que rendeu, nesse ultimo ano, enormes brigas e desaforos às pervertidas que dão em cima de Rafa. Ele tentou de tudo em vão. Trazia flores semanalmente, comprou um anel de compromisso e até noivou com Mariana. A coisa ficou tão feia, que há 3 meses atrás ele quis terminar o namoro, e depois de ter culpado pelo menos umas três mulheres, o Carnaval e o trabalho novo dele, Mari prometeu procurar uma terapia se eles continuassem juntos. Ele resolveu dar uma chance para ela, porém a terapia ainda não surtiu efeito. Como se pode perceber pela força com que ela segura nos dedos dele.
Gabriel aparece todo sorridente, atrás de Rafael e o abraça.
- Nossa irmãozinho, cada dia mais algemado! – eles dão boas risadas.
- Mais do que você impossível! – Rafael solta com força a mão de Mari para cumprimentar a cunhada.
Ah sim, o Gabriel acabou, não apenas namorando com a amiga do Juca (aquele da overdose), como foi morar com ela. O apartamento dos dois é um dos locais mais agradáveis de se visitar. Os dois vivem felizes e em harmonia, trabalham juntos numa lojinha de roupas, que abriram no ano passado. E que ainda bem, tenho um cartão de desconto, porque não consigo manter a carteira fechada toda vez que vou lá.
- Nossa, que barrigão – exclamo ao ver a esposa de Mauro.
- Nossa, estou um orça! – a esposa dele se esforça para sorrir, mexendo os cabelos loiros para o lado, demonstrando o desconforto com a barriga grávida. É, não tinha como o Mauro terminar de outra forma. Uma noite de amor com uma das suas loirinhas, resultou numa família para o resto da vida. A mãe dele, quando soube da gravidez, o obrigou a casar. Ele detesta a mulher, ela o detesta, mas eles estão esperando uma menininha para daqui dois meses.
- Cadê o João? – Mauro pergunta uma vez que não o vê ali.
- O João está em outro país – respondo dando risada – Esta morando na Dinamarca agora.
- Achei que era na Inglaterra – exclama Beto, que chega na rodinha nesse momento.
- Era, depois foi França, Suécia e agora Dinamarca – respondo divertida. O João, quem diria? Esse daí se deu bem. Resolveu experimentar tudo! Começou beijando meninas, depois foram as drogas, o beijo dos meninos e sucessivamente veio o sexo em grupo. Foi assim que o mundo dele ficou muito pequeno aqui. Fez contato um pessoal e resolveu viajar e assim foi conhecendo gente e mudando de lugar em lugar. Em um ano ele conheceu metade da Europa e das bocas de lá também. Não sei se ele volta algum dia.
- Esse João, não tem jeito, ta sempre doidinho. E ele era o mais certinho de nós – comenta Tânia benevolente. Sim, porque desde que viu aquele menino tendo convulsões no chão da balada, Tânia foi para casa e no primeiro raio de sol se dirigiu para o AA. Foi na frente da sala cheia de gente e contou para todo mundo o que estava acontecendo com ela. E desde então nunca mais colocou uma gota de álcool na boca. Virou voluntária do centro comunitário onde funciona o AA e tem ajudado um monte de adolescentes e jovens que se perderam nas drogas. Mas nem por isso virou santa, ela e o Tonho vão e voltam num namoro louco, que as vezes é aberto, as vezes é fechado. Relacionamento que rende histórias engraçadas, envolvendo cenas hilárias em locais públicos. Acho que na verdade a Taninha só mudou o vicio.
- E você Beto, o que andou fazendo nesse tempo? – Mari o questiona, pois ele não aparecia desde aquela noite fatídica em que terminou de vez com Tati.
- Trabalhando – ele ri, 10 quilos mais gordo. Beto, que nunca se conformou com o final do namoro, resolveu jogar suas frustrações no trabalho e na comida. Passa o dia todo no escritório e a noite no barzinho ao lado do trabalho. Já a Tati virou hostess da balada e todo dia conhece um monte de gente nova. Ela fez tanto sucesso como hostess que até saiu no jornal na parte de celebridades na noite.
- Olha lá a Tati – Mauro aponta – Vamos ver se ela coloca a gente para dentro – Mauro vai em direção a porta da balada, mas ao ouvir um resmungo da esposa, se lembra de ajudá-la a andar com aquela barriga enorme.
- Você não vem? – Tânia me pergunta vendo que não vou falar com Tati.
- Eu já vou, só estou esperando uma pessoa – sorrio, enquanto vejo o pessoal entrar na balada como há muito tempo eu não via. A overdose do Juca serviu para esfriar as noites de balada, o pessoal foi desanimando, indo em outros lugares, ou procurando outras coisas mais importantes para fazer. Nesses tempos eu apenas vi as pessoas na faculdade, mas nunca mais foi a mesma coisa, acho que foi uma fase que passou e agora só sobrou a lembrança. Foi por isso que combinaram esse reencontro, para relembrar os velhos tempos, quer dizer não para Tati e nem para mim, pois continuamos a freqüentar a boate. Ela porque passou a trabalhar aqui e eu, bem, meu namorado trabalha na balada, né? Ou vocês não lembram do final do último capítulo?
Eu vou relembrá-los...
Estava conversando com o J e ele me deu um beijo, mas chegou o Tony. Nessa indecisão eu tive que escolher, e é claro, fiz a escolha obvia.
- Oi – Tony chega e me da um abraço.
- Você chegou atrasado – respondo.
- É o chefe vai me matar – ele da risada – Estava numa festinha particular se é que você me entende – ele me da uma piscadinha e entra no recinto.
Quando me viro J me da um beijo na boca de supetão. Sorrio e entro com meu namorado, o Dj.
2.26.2009
experimentar
Quero beijar bocas
Roçar peles
Entoar amores pelos ventos.
Quero experimentar intensas paixões
A flor da alma
Como se vive tão facilmente por ai.
Pois se não é fácil dizer eu te amo
É ainda mais difícil dizer talvez eu ame.
Roçar peles
Entoar amores pelos ventos.
Quero experimentar intensas paixões
A flor da alma
Como se vive tão facilmente por ai.
Pois se não é fácil dizer eu te amo
É ainda mais difícil dizer talvez eu ame.
8.28.2007
Susto
Uma angustia me assaltou.
Senti a garganta fechar, como se o ar cessasse de entrar.
Meus olhos esbugalharam em desespero.
Olhei para você assustado, bem no meio das suas meninas dos olhos.
E como se de repente tudo se acalma-se, a paz voltou.
Senti a garganta fechar, como se o ar cessasse de entrar.
Meus olhos esbugalharam em desespero.
Olhei para você assustado, bem no meio das suas meninas dos olhos.
E como se de repente tudo se acalma-se, a paz voltou.
7.30.2007
Não te cansa escutar tanta bobagem, tanta gente cuspindo verdades, quando a mentira escancarada esta bem no meio de suas caras?
Dizem que fazem, que acontecem, que se jogam na vida e na verdade só falam mal e invejam a vida alheia, têm medo de ser quem realmente são, vergonha de não ser tão fortes, quando na verdade o são.
Ditadura de aparência e atitude inventada.
Quer ser alternativo, ter personalidade? De sua cara lavada pra bater e seja feliz!
Dizem que fazem, que acontecem, que se jogam na vida e na verdade só falam mal e invejam a vida alheia, têm medo de ser quem realmente são, vergonha de não ser tão fortes, quando na verdade o são.
Ditadura de aparência e atitude inventada.
Quer ser alternativo, ter personalidade? De sua cara lavada pra bater e seja feliz!
Sim
Sim,
Deve haver o perdão
Para mim
Senão nem sei qual será
O meu fim
Para ter uma companheira
Até promessas fiz
Consegui um grande amor
Mas eu não fui feliz
E com raiva para os céus
Os braços levantei
Blasfemei
Hoje todos são contra mim
Todos erram neste mundo
Não há exceção
Quando voltam a realidade
Conseguem perdão
Porque é que eu Senhor
Que errei pela vez primeira
Passo tantos dissabores
E luto contra a humanidade inteira
Deve haver o perdão
Para mim
Senão nem sei qual será
O meu fim
Para ter uma companheira
Até promessas fiz
Consegui um grande amor
Mas eu não fui feliz
E com raiva para os céus
Os braços levantei
Blasfemei
Hoje todos são contra mim
Todos erram neste mundo
Não há exceção
Quando voltam a realidade
Conseguem perdão
Porque é que eu Senhor
Que errei pela vez primeira
Passo tantos dissabores
E luto contra a humanidade inteira
7.04.2007
Quantas promessas se vão do pensamento ao longe, com o vento carregado de indecisões e palavras jogadas.
Aonde foram parar as certezas, até mesmo onde as incertezas se alojaram?
O silêncio é tão poderoso que faz eco.
Perdido no vacuo meu desejo grita rouco.
Vc ouviu? ao menos sentiu.
Aonde foram parar as certezas, até mesmo onde as incertezas se alojaram?
O silêncio é tão poderoso que faz eco.
Perdido no vacuo meu desejo grita rouco.
Vc ouviu? ao menos sentiu.
...
Queria ter a força pra dizer que não me importo com nada e que nada me toca, mas só me sobra delicadeza de ser envolvida em tudo que me rodeia.
6.15.2007
Indefinido
Impulso tomado
Nada impede
Ditando caminho
Esperança renovada
Fabricando destino
Indo sempre
Nunca desistindo
Intento alcançado
Dados lançados
Oásis escondido
11.29.2006
quase...que...de...repente
Acordei e eles me pesavam, como nunca haviam antes pesado.
Como que de supetão deles eu me apropriava, parte de meu corpo assim os sustentava.
Tão femininos, tão belos, tão desenhados, tão meus.
Um dia tomei conhecimento de suas existências, tomei pose do que já me possuia.
Olhei para o espelho pra entender todo aquele desconforto confortável.
Sim, sou mulher, enfim, entendi.
Como que de supetão deles eu me apropriava, parte de meu corpo assim os sustentava.
Tão femininos, tão belos, tão desenhados, tão meus.
Um dia tomei conhecimento de suas existências, tomei pose do que já me possuia.
Olhei para o espelho pra entender todo aquele desconforto confortável.
Sim, sou mulher, enfim, entendi.
11.28.2006
impresso
É como se já tivesse sido impresso, mas ainda não aparecesse
Sei que um dia vai dar pra ler ali, mas ainda não é visível
A felicidade deixa rastros, mas não se torna ainda clara.
Quero que ela se aprochegue logo, antes que esse vazio maldito devaste tudo e pra ela só sobre a reconstrução
Sei que um dia vai dar pra ler ali, mas ainda não é visível
A felicidade deixa rastros, mas não se torna ainda clara.
Quero que ela se aprochegue logo, antes que esse vazio maldito devaste tudo e pra ela só sobre a reconstrução
pisque
Se vc piscar eu talvez sorria...
As vezes são necessários confetes e pequenas mentiras.
As vezes são necessários confetes e pequenas mentiras.
Precisa-se
Preciso de amor... um amor obscuro, dolorido, quase invasivo.
Preciso de um toque, carinho esfolado, cheio de desejo.
Preciso de um sorriso, uma risada escancarada, cheia de dentes, quase exagerada.
Preciso de uma boca, que grite verdades e mentiras que explodam na minha cara e movam o que eu tenho oco aqui dentro.
Preciso de um toque, carinho esfolado, cheio de desejo.
Preciso de um sorriso, uma risada escancarada, cheia de dentes, quase exagerada.
Preciso de uma boca, que grite verdades e mentiras que explodam na minha cara e movam o que eu tenho oco aqui dentro.
11.12.2006
26
E de cada sorriso, de cada abraço, de cada beijo, de cada olhar;
E de cada visita, de cada encontro, de cada viagem, de cada vivência;
E de cada ida e vinda, de cada mudança, de cada surpresa;
E de cada sentimento, de cada alegria e de cada tristeza;
tiro pra mim que nada vale mais a pena do que já valeu;
E já não me arrependo de nada e sei que não poderia fazer diferente do que já foi feito;
Só levo a certeza de estar vivendo, vivendo intensamente e feliz
Pq desejp viver e quero bem a quem passa por essa vida.
Amo vcs!
E de cada visita, de cada encontro, de cada viagem, de cada vivência;
E de cada ida e vinda, de cada mudança, de cada surpresa;
E de cada sentimento, de cada alegria e de cada tristeza;
tiro pra mim que nada vale mais a pena do que já valeu;
E já não me arrependo de nada e sei que não poderia fazer diferente do que já foi feito;
Só levo a certeza de estar vivendo, vivendo intensamente e feliz
Pq desejp viver e quero bem a quem passa por essa vida.
Amo vcs!
9.15.2006
E eu com isso?
Ela teve uma infância difícil, fechada, cheia de regras.
Ele teve uma família confusa, teve medo de assumir as coisas.
Ela é se deixou mudar, deixou morrer um pedaço de si.
Ela não tem coragem de se arriscar, prefere se conformar e dar a cara pra bater.
Ele é tão negativo que prefere ficar parado.
Ele é carrancudo, mal fale com os a sua volta.
São sintomas que darão em tantos outros.
E se eu olho pra tudo isso eme vejo ai...
O que eu tenho com isso?
Ele teve uma família confusa, teve medo de assumir as coisas.
Ela é se deixou mudar, deixou morrer um pedaço de si.
Ela não tem coragem de se arriscar, prefere se conformar e dar a cara pra bater.
Ele é tão negativo que prefere ficar parado.
Ele é carrancudo, mal fale com os a sua volta.
São sintomas que darão em tantos outros.
E se eu olho pra tudo isso eme vejo ai...
O que eu tenho com isso?
E eu com isso?
9.13.2006
folhagem
As folhas caem no chão, fazendo um barulhinho gostoso de papel embrulhado.
A brisa soa leve e levanta os seus cabelos devagar, quase sem força.
De braços dados ela fecha os olhos e sente o cheiro do mato.
A árvore balança e derrama o polen das flores nos cílios dela.
Um enorme sorriso desenha sua boca, isso é ser feliz.
Água cristalina
A resposta esta no nariz, mas as vezes é difícil de enxergar, pq simplesmente não se quer ver.
9.07.2006
Gosto do gosto doce da tua boca
Gosto do conforto que me traz seu olhar
Gosto do macio da tua pele
Gosto da carícia das tuas mãos.
Me deito em você, confio, relaxo, respiro.
Gosto do conforto que me traz seu olhar
Gosto do macio da tua pele
Gosto da carícia das tuas mãos.
Me deito em você, confio, relaxo, respiro.
8.22.2006
O Grito
Quero gritar que nem uma puta louca, mandar tudo e todos pros diabos. Por que aonde há tanto carinho sempre se esconde tantos sentimentos mesquinhos? Por que tudo que é bom também é ruim e deixa gosto amargo na boca depois de muito experimentado? Cadê a verdade que parecia tão clara ontem e hoje já é mentira? Seu FDP quero te afastar de mim, não venha tentar me tirar do meu caminho, porque ele é meu e vc não tem nenhum direito sobre nada!
Me deixa quieta no meu canto, eu mereço paz também. A minha vida é minha e eu decido com quem eu divido, o que dela eu faço ou não faço. Sei que pensa ajudar, mas nem sempre a sua ajuda é pra mim uma ajuda, mas sim um escape pras suas sandices, que machucam as minhas.
Não me machuque mais do que já me machuco sozinha, pois aqui dentro há uma bomba e ela quer explodir e mandar tudo pros ares.
Me deixa quieta no meu canto, eu mereço paz também. A minha vida é minha e eu decido com quem eu divido, o que dela eu faço ou não faço. Sei que pensa ajudar, mas nem sempre a sua ajuda é pra mim uma ajuda, mas sim um escape pras suas sandices, que machucam as minhas.
Não me machuque mais do que já me machuco sozinha, pois aqui dentro há uma bomba e ela quer explodir e mandar tudo pros ares.
8.20.2006
Tua loucura é minha sanidade
Dor
As lágrimas correm pelos meus olhos.
Envolvo os braços nos joelhos.
Olho o céu embaçado.
Choro baixinho, um grito de dor.
Espero escutando os segundos no relógio.
Tudo passa.
Envolvo os braços nos joelhos.
Olho o céu embaçado.
Choro baixinho, um grito de dor.
Espero escutando os segundos no relógio.
Tudo passa.
Segura na minha mão.
Vem descobrir comigo.
Vem flutuar no mundo.
Conhecer a fundo.
Tudo que há para saber.
Segura nos meus cabelos.
Deixa eles te guiarem.
Pra onde tudo é mais tranquilo.
Pra onde o vento é brisa.
Vem sentir ela no seu corpo.
Vem sentir eu no teu corpo.
Entra nessa aventura.
Caçada e tesouro.
Aonde não há quem não ache nada.
Vem descobrir comigo.
Vem flutuar no mundo.
Conhecer a fundo.
Tudo que há para saber.
Segura nos meus cabelos.
Deixa eles te guiarem.
Pra onde tudo é mais tranquilo.
Pra onde o vento é brisa.
Vem sentir ela no seu corpo.
Vem sentir eu no teu corpo.
Entra nessa aventura.
Caçada e tesouro.
Aonde não há quem não ache nada.
o Excepcional
E ela olhou pro seu lado, ele na mesa, de mão dada, com a sua mão.
Ela olhou mais adiante, ele de pé, de olho, no seu olho.
Ela sentiu a proteção daquela mão e o desejo daqueles olhos.
Contradição dentro de si, dilacerando a vontade.
Ela soltou a mão, sentiu um calor por dentro.
Levantou-se, foi ao banheiro.
Ele manteve-se sentado, sem nada atinar.
Ela passou por ele de pé, ele também se moveu.
Ela se virou e ele foi sobre ela, ela fechou os olhos em desejo.
Por entre a fresta da porta, enquanto ele amassava-a por baixo da saia.
Ela olhava ele complacente, aquela mão vazia, esperando a dela.
Ela sentiu culpa, de estar com o excepcional ao invés do cotidiano.
Ela olhou mais adiante, ele de pé, de olho, no seu olho.
Ela sentiu a proteção daquela mão e o desejo daqueles olhos.
Contradição dentro de si, dilacerando a vontade.
Ela soltou a mão, sentiu um calor por dentro.
Levantou-se, foi ao banheiro.
Ele manteve-se sentado, sem nada atinar.
Ela passou por ele de pé, ele também se moveu.
Ela se virou e ele foi sobre ela, ela fechou os olhos em desejo.
Por entre a fresta da porta, enquanto ele amassava-a por baixo da saia.
Ela olhava ele complacente, aquela mão vazia, esperando a dela.
Ela sentiu culpa, de estar com o excepcional ao invés do cotidiano.
E vida...
A vida só me deu tapas na cara.
De tanta bolacha fiquei toda inchada.
A cada ilusão que eu me entreguei uma pancada escureceu tudo.
Na empolgação dos momentos tranquilos baixei minha guarda.
A violência da realidade me atirou pela escada.
E no negativismo das palavras eu me instalei.
Com receio das más experiências me calei.
Fiquei escondida atrás da minha proteção amarga.
Que me fez ainda mais niilista e solitária.
Se disse que um dia amou o que fiz e quem sou,
Não acreditei, não.
Estava cheia das posteriores decepções.
Não dou mais a chance de me calarem, por isso não falo.
E assim fico lá defendida, quase morta.
De tanta bolacha fiquei toda inchada.
A cada ilusão que eu me entreguei uma pancada escureceu tudo.
Na empolgação dos momentos tranquilos baixei minha guarda.
A violência da realidade me atirou pela escada.
E no negativismo das palavras eu me instalei.
Com receio das más experiências me calei.
Fiquei escondida atrás da minha proteção amarga.
Que me fez ainda mais niilista e solitária.
Se disse que um dia amou o que fiz e quem sou,
Não acreditei, não.
Estava cheia das posteriores decepções.
Não dou mais a chance de me calarem, por isso não falo.
E assim fico lá defendida, quase morta.
Seguro
Olho para você e não controlo meus impulsos.
Seguro apertado tuas bochechas,
Te lasco um beijo melado que até dói.
Te puxo pra mim, me envolvo em seus braços.
Você não entende nada, mas é bom estar aqui.
Seguro apertado tuas bochechas,
Te lasco um beijo melado que até dói.
Te puxo pra mim, me envolvo em seus braços.
Você não entende nada, mas é bom estar aqui.
O Peso do Mundo
Sinto o peso do mundo em minhas costas...
Mal consigo me mover...
Mas que pretensão a minha...
Esse peso só é meu.
Mal consigo me mover...
Mas que pretensão a minha...
Esse peso só é meu.
8.15.2006
Sorriso
Adoro sorrir
Todos elogiam meu sorriso.
Não gosto dos meus dentes
Ninguém nunca elogiou eles.
Fico na dúvida, mostro os dentes ou não?
Todos elogiam meu sorriso.
Não gosto dos meus dentes
Ninguém nunca elogiou eles.
Fico na dúvida, mostro os dentes ou não?
Medo
Se meu medo fosse de gente era fácil vencer.
Meu medo é mais complicado.
Num tem hora, nem data marcada.
Compromisso ta sempre lá.
Nas horas jogadas também.
Não se cansa.
Ele me impede e ao mesmo tempo é o mais forte dos sentimentos.
Meu medo é mais complicado.
Num tem hora, nem data marcada.
Compromisso ta sempre lá.
Nas horas jogadas também.
Não se cansa.
Ele me impede e ao mesmo tempo é o mais forte dos sentimentos.
Basta
Pra mim você é problema seu.
(AUTOR DESCONHEÇO)
(AUTOR DESCONHEÇO)
Movo
Quebro teu silêncio
Quebro tua dor
Quebro teu desejo
Quebro tua timidez
Quebro teu espelho
Quebro tua defesa
Quebro teu medo
Quebro tua ilusão
Quebro teu sonho
Quebro tua cara.
Quebro tua dor
Quebro teu desejo
Quebro tua timidez
Quebro teu espelho
Quebro tua defesa
Quebro teu medo
Quebro tua ilusão
Quebro teu sonho
Quebro tua cara.
Ai
Ai que o medo me domina, doi a sair.
Ai que teu julgamento me machuca, doi a sair.
Ai que os olhos deles me fascinam, doi a sair.
Ai que a boca molhada me consola, doi a sair.
Ai que teu julgamento me machuca, doi a sair.
Ai que os olhos deles me fascinam, doi a sair.
Ai que a boca molhada me consola, doi a sair.
o que
O que me dói é ter vergonha de algo que não fiz, nem ao menos o prazer do pecado eu tive e ele já me pesa as costas.
7.31.2006
Tão doce
E ela tão doce, inclinou-se na janela
Esperou, que ele passasse.
Ansiosa, arfando o peito.
Assim, apaixonada.
E ele tão amargo, andou rente a janela
Mal olhou, mal se virou.
Tão rápido passou, sussurou.
Assim, desmotivado.
E ela tão passada, arrastou-se da janela
Respirou, com dificuldade.
Doída, coração apertando.
Assim, decepciona.
Esperou, que ele passasse.
Ansiosa, arfando o peito.
Assim, apaixonada.
E ele tão amargo, andou rente a janela
Mal olhou, mal se virou.
Tão rápido passou, sussurou.
Assim, desmotivado.
E ela tão passada, arrastou-se da janela
Respirou, com dificuldade.
Doída, coração apertando.
Assim, decepciona.
Fechada
Assim estou
Fechada
Não me entrego não
Fechada
Não me deixo adentrar
Fechada
Não falo nada
Fechada
Nem sei o que falar
Fechada
Não quero nem olhar
Fechada
Estou dentro demais
Fechada
Num quero sair
Fechada
Não estou pronta
Fechada
Não quero
Fechada
Não vou.
Assim estou
Fechada
Não me entrego não
Fechada
Não me deixo adentrar
Fechada
Não falo nada
Fechada
Nem sei o que falar
Fechada
Não quero nem olhar
Fechada
Estou dentro demais
Fechada
Num quero sair
Fechada
Não estou pronta
Fechada
Não quero
Fechada
Não vou.
7.28.2006
A insegurança mora nos menores detalhes.
Coisas tão pequenas podem mexer com a estima de forma devastadora.
Para reformá-las é necessário o dobro de material que foi necessário para derrubá-las.
Aonde mora a verdade dessas linhas? Tão tênues, tão suaves, tão reais?
Estarão nas revistas femininas ou nos teus olhos carnais?
Estarão nas medidas da fita métrica, ou no toque da pele?
Estarão na sua cabeça ou nos seus olhos.
Coisas tão pequenas podem mexer com a estima de forma devastadora.
Para reformá-las é necessário o dobro de material que foi necessário para derrubá-las.
Aonde mora a verdade dessas linhas? Tão tênues, tão suaves, tão reais?
Estarão nas revistas femininas ou nos teus olhos carnais?
Estarão nas medidas da fita métrica, ou no toque da pele?
Estarão na sua cabeça ou nos seus olhos.
7.25.2006
Tu me olha eu me pergunto o que quer.
Você sorri, faz charme e eu ainda assim entendo menos.
Procura meu olhar, mas não age.
Me provoca, deixa arrepiado meu corpo.
E eu me perco, me confundo no seu vai e vem perto de mim.
Por que você faz assim comigo?
Queria entender o que você quer de mim.
Por que de você eu sei o que eu quero.
Será que você sabe também?
Tento, assim, por orgulho mesmo, não cruzar meu eu com o teu.
Mas só de sentir aquela coçeira de quando alguém olha de longe, não consigo me conter.
Porque com você não consigo me controlar.
Afinal nem pra tudo eu tenho habilidade de me defender.
Queria que um dia você dissesse.
Melhor não queria que você disesse nada.
Queria era que você me abraçasse por tras.
Assim sem nem eu precisar dizer mais.
Mas não, continuo perdida nos meus pensamentos.
E no seu olhar... é claro.
Você sorri, faz charme e eu ainda assim entendo menos.
Procura meu olhar, mas não age.
Me provoca, deixa arrepiado meu corpo.
E eu me perco, me confundo no seu vai e vem perto de mim.
Por que você faz assim comigo?
Queria entender o que você quer de mim.
Por que de você eu sei o que eu quero.
Será que você sabe também?
Tento, assim, por orgulho mesmo, não cruzar meu eu com o teu.
Mas só de sentir aquela coçeira de quando alguém olha de longe, não consigo me conter.
Porque com você não consigo me controlar.
Afinal nem pra tudo eu tenho habilidade de me defender.
Queria que um dia você dissesse.
Melhor não queria que você disesse nada.
Queria era que você me abraçasse por tras.
Assim sem nem eu precisar dizer mais.
Mas não, continuo perdida nos meus pensamentos.
E no seu olhar... é claro.
Mil e uma caras
O que eles querem é atenção...
Sorria, acene, incline, dobre, vire, enrubesça...
Dê tchau, pisque o olho, faça cara de choro, mande beijos...
tudo para que eles não se sintam sozinhos...
Manipulação? Ajuda? Negocio?
Ou pura antropologia...?
Sorria, acene, incline, dobre, vire, enrubesça...
Dê tchau, pisque o olho, faça cara de choro, mande beijos...
tudo para que eles não se sintam sozinhos...
Manipulação? Ajuda? Negocio?
Ou pura antropologia...?
Como naquela letra
Desregulada, louca, descontrolada!!!
Desavisada, perdida, bandida!!!
Descompensada, criadora de caso, desapacientada!!!
Desrespeitosa, irritadiça, menstruada!!!
Desconfiada, defensiva, gritadeira!!!
Desfeitosa, culpada, arrependida!!!
Me sinto assim, como se fosse letra de música da Rita Lee!!!
Desregulada!
Desavisada, perdida, bandida!!!
Descompensada, criadora de caso, desapacientada!!!
Desrespeitosa, irritadiça, menstruada!!!
Desconfiada, defensiva, gritadeira!!!
Desfeitosa, culpada, arrependida!!!
Me sinto assim, como se fosse letra de música da Rita Lee!!!
Desregulada!
7.20.2006
Poema - Ney Matogrosso
Eu hoje tive um pesadelo e levantei atento, a tempo
Eu acordei com medo e procurei no escuro
Alguém com seu carinho e lembrei de um tempo
Porque o passado me traz uma lembrança
Do tempo que eu era criança
E o medo era motivo de choro
Desculpa pra um abraço ou um consolo
Hoje eu acordei com medo mas não chorei
Nem reclamei abrigo
Do escuro eu via um infinito sem presente
Passado ou futuro
Senti um abraço forte, já não era medo
Era uma coisa sua que ficou em mim, que não tem fim
De repente a gente vê que perdeu
Ou está perdendo alguma coisa
Morna e ingênua
Que vai ficando no caminho
Que é escuro e frio mas também bonito
Porque é iluminado
Pela beleza do que aconteceu
Há minutos atrás
Eu acordei com medo e procurei no escuro
Alguém com seu carinho e lembrei de um tempo
Porque o passado me traz uma lembrança
Do tempo que eu era criança
E o medo era motivo de choro
Desculpa pra um abraço ou um consolo
Hoje eu acordei com medo mas não chorei
Nem reclamei abrigo
Do escuro eu via um infinito sem presente
Passado ou futuro
Senti um abraço forte, já não era medo
Era uma coisa sua que ficou em mim, que não tem fim
De repente a gente vê que perdeu
Ou está perdendo alguma coisa
Morna e ingênua
Que vai ficando no caminho
Que é escuro e frio mas também bonito
Porque é iluminado
Pela beleza do que aconteceu
Há minutos atrás
Preciso Me Encontrar - Ney Matogrosso
Deixe-me ir preciso andar
vou por aih a procurar
rir pra naochorar (BIS)
quero assistir o sol nascer
ver as aguas dos rioscorrer
ouvir o passaros cantar
eu quero nascer quero viver...
Deixe-me ir preciso andar
vou por aih a procurar
rir pra naochorar
se alguem for vir perguntar
diga que eu soh vou voltar depois que eu me encontrar...
Quero assistir o sol nascer
ver asaguas dos rios correr
ouvir o passaros cantar
eu quero nascerquero viver...
Deixe-me ir preciso andar
vou por aih a procurar
rir pra nao chorar(bis)
vou por aih a procurar
rir pra naochorar (BIS)
quero assistir o sol nascer
ver as aguas dos rioscorrer
ouvir o passaros cantar
eu quero nascer quero viver...
Deixe-me ir preciso andar
vou por aih a procurar
rir pra naochorar
se alguem for vir perguntar
diga que eu soh vou voltar depois que eu me encontrar...
Quero assistir o sol nascer
ver asaguas dos rios correr
ouvir o passaros cantar
eu quero nascerquero viver...
Deixe-me ir preciso andar
vou por aih a procurar
rir pra nao chorar(bis)
Essa é pra vc!
Sensibilidade a flor da pele
Carinho delicado e infinito
Disponibilidade pra toda a vida
Promessa de aridez
Rascunhos românticos
Cabelos com vontade própria
Olhar afinado
Cabeça cabeçuda e briguenta
Paciência única
Compreensão amical
Coração do tamanho do mundo
Só não cabe você mesmo
O olho mais brilhante
Querido, muito querido
Já faz parte da minha vida
Zibilismente você...
Carinho delicado e infinito
Disponibilidade pra toda a vida
Promessa de aridez
Rascunhos românticos
Cabelos com vontade própria
Olhar afinado
Cabeça cabeçuda e briguenta
Paciência única
Compreensão amical
Coração do tamanho do mundo
Só não cabe você mesmo
O olho mais brilhante
Querido, muito querido
Já faz parte da minha vida
Zibilismente você...
Para achar...
Se perder dentro de si mesmo...